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Uruguai anuncia que país não vai acolher mais presos de Guantánamo

No ano passado, o país recebeu seis presos à pedido de Obama. Decisão foi tomada pelo então presidente José Mujica.

Agência France-Presse
postado em 23/03/2015 17:17
O Uruguai não vai mais receber presos detidos em Guantánamo, informou nesta segunda-feira (23/3) o ministro das Relações Exteriores, Rodolfo Nin Novoa. A polêmica começou com a chegada ao país de seis presos liberados pelo governo dos EUA durante o mandato de José Mujica (2010-2015).

"Não virão mais presos de Guantánamo, isso é definitivo", disse Nin Novoa a jornalistas ao final de uma reunião de gabinete em Punta del Este, de acordo com imagens de emissoras locais de televisão.

O Uruguai recebeu seis pessoas que ficaram presas sem julgamento por treze anos, em decisão de Mujica a pedido do presidente dos EUA, Barack Obama. Os seis chegaram ao Uruguai no final de 2014, e o país se converteu no segundo na América Latina a acolher detentos daquela prisão. O primeiro tinha sido El Salvador, em 2012.

Obama tem dito que está disposto a fechar a prisão, mas ainda não tem um plano a respeito.

Os ex-presos que estão no Uruguai vivem em uma residência na região central de Montevidéu e estão na condição de refugiados. Trata-se de quatro sírios, um palestino e um tunisiano.

A ida dos seis para o Uruguai foi precedida de polêmica, mesmo dentro da Frente Ampla, partido do governo.

Em fevereiro, o ex-presidente José Mujica visitou os refugiados pela primeira vez, antes de transferir a faixa presidencial ao sucessor Tabaré Vázquez.

No dia seguinte, Mujica pontuou que os refugiados "têm evidentes dificuldades com o idioma e problemas de adaptação porque não apenas pertencem a outras culturas, mas também porque vivem com as consequências de treze anos de isolamento em condições adversas".

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Na prisão mantida pelo governo dos EUA na ilha cubana de Guantánamo, ainda há mais de 100 pessoas detidas. A prisão foi inaugurada em 2002, em razão da "guerra contra o terrorismo" lançada pelo então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush (2001-2009), após os atentados de 11 de setembro de 2001.

O chanceler Nin Novoa também confirmou que o novo governo optou por adiar, "até o fim do ano", a chegada de novos contingentes de refugiados da guerra na Síria, que também passaram a ser acolhidos no país durante o mandato de Mujica.

O chanceler admitiu que o Uruguai tem "carências culturais e de infraestrutura" para acolhê-los, tendo se mostrado favorável a um melhor planejamento para receber os próximos refugiados.

No início de 2015, algumas das famílias sírias se tornaram objeto da atenção da população local devido a relatos de supostos casos de violência doméstica.

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