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Grécia negocia apoio da Alemanha para acordo sustentável no Eurogrupo

%u201COs gregos não são preguiçosos e os alemães não são responsáveis por todos os males da Grécia", afirmou o primeiro-ministro

postado em 23/03/2015 18:08
A chanceler alemã Angela Merkel ressaltou hoje (23) perante o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a necessidade de um acordo sobre o programa de reformas de Atenas para além das ;diferenças de opinião; entre os dois governos.

;A Grécia tem de voltar a crescer economicamente e superar problemas como seu elevado desemprego, sobretudo o desemprego jovem, para levar a diante as reformas com que está comprometida;, disse a chanceler durante conferência de imprensa conjunta em Berlim, após a reunião bilateral.

Por sua vez, o primeiro-ministro grego garantiu que seu país respeitará os acordos de tratados europeus, mas ;com determinadas prioridades;, e ressaltou a intenção de governar em favor da coesão social e de ;ultrapassar os estereótipos;.

;Os gregos não são preguiçosos e os alemães não são responsáveis por todos os males da Grécia. Devemos trabalhar arduamente para ultrapassar estes estereótipos;, declarou Tsipras em sua primeira visita oficial a Berlim.

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;É preciso evitar todos os estereótipos;, acrescentou Merkel, quando as relações entre os dois países passam por um dos momentos mais difíceis nos últimos meses, devido aos desacordos sobre as reformas a serem aplicadas na Grécia, em troca de novos empréstimos.

Neste contexto, o líder do partido da esquerda radical Syriza, que domina o governo de coligação no poder, em Atenas, também reivindicou respeito pela democracia e pelas decisões soberanas dos cidadãos gregos, e considerou ser este o caminho para garantir uma saída rápida da ;crise humanitária; no país.

;Este programa não foi uma história de êxitos. Pelo contrário, teve consequências catastróficas para a nossa economia;, acrescentou o líder do Syriza, numa alusão às reformas e políticas de austeridade aplicadas na Grécia pelos seus antecessores e pelos credores internacionais (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).

A dirigente alemã ressaltou, no entanto, que a decisão sobre as propostas do governo grego, que deverão ser apresentadas nos próximos dias, não compete ao seu país, mas ao conjunto dos países do Eurogrupo.

;Represento um dos 19 países da zona do euro. As decisões sobre a liquidez na Grécia afetam todos os membros do Eurogrupo, e serão adotadas após escutarmos as avaliações das três instituições envolvidas, de comum acordo;, disse a chanceler alemã.

Merkel também recordou a reunião ;restrita; sobre a Grécia, à margem da recente cúpula da União Europeia, em Bruxelas, da qual participaram também o presidente francês, François Hollande, e os responsáveis da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu, do Conselho Europeu e do Eurogrupo.

Na conferência de imprensa conjunta, Tsipras reconheceu que os problemas de liquidez de seu país, a médio prazo, ;são conhecidos;, e advoga uma solução política que permita uma resposta das instituições ao problema.

;Não viemos falar de um problema conhecido, mas de soluções políticas;, destacou Tsipras, antes de definir o seu encontro com Merkel como ;frutífero e construtivo;.

O primeiro-ministro grego não avançou com a lista de reformas concretas que prometeu ao Eurogrupo, após o acordo de 20 de fevereiro, que implicou um prolongamento dos empréstimos financeiros até final de maio, mas confirmou a intenção de promover reformas estruturais, em particular no sistema tributário, para o tornar mais justo e combater a evasão fiscal.

Tsipras também condenou com veemência as caricaturas onde a chanceler e outros líderes alemães surgem como nazistas, e apelou para que seja ultrapassado o ;passado obscuro; e evitado esse gênero de ;provocações a ataques;.

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