Agência France-Presse
postado em 23/03/2015 19:55
O senador de origem cubana Ted Cruz deu nesta segunda-feira (23/3) o pontapé inicial da corrida para suceder a Barack Obama, ao lançar sua candidatura à eleição presidencial de 2016 apelando em um discurso aos eleitores mais conservadores."Acredito no poder de milhões de valentes conservadores, unindo-se para recuperar a promessa dos Estados Unidos. Por isso, anuncio que serei candidato a presidente dos Estados Unidos", disse Cruz, um advogado de 44 anos e figura de destaque do movimento direitista Tea Party do Partido Republicano.
"É um momento para a verdade, é um momento para a liberdade. É um momento para recuperar nossa Constituição", proclamou.
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Em um discurso pronunciado na ultraconservadora Universidade batista Liberty, no estado da Virgínia, Cruz defendeu a liberdade religiosa, menos impostos e o fim do sistema de saúde privada subsidiado, promovido por Obama e conhecido como "Obamacare".
"Imaginem em 2017 um novo presidente, assinando uma legislação que rejeite cada palavra do Obamacare", incitou Cruz, arrancando aplausos no auditório universitário.
Cruz também se manifestou em favor de abolir o IRS (Internal Revenue Service), o serviço de arrecadação.
"Em vez de um código de impostos que esmaga a inovação e que pressiona as famílias, imaginem um simples imposto único", propôs.
Na linha geral com o discurso conservador americano, Cruz propôs um governo que "não tente abolir nossas munições" e que "proteja o direito de ter e portar armas para os cidadãos que respeitem a lei".
Cruz também propôs um governo que "trabalhe para defender a santidade da vida humana e que sustente o sacramento do casamento", em uma evidente referência ao aborto e às propostas sobre casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Em seu discurso de pouco mais de 20 minutos, Cruz fez rápidas menções às suas ideias sobre política externa.
Nesse sentido, defendeu um governo "que permaneça, sem pedir desculpas a ninguém, ao lado da nação de Israel". Também pediu aos seus interlocutores que imaginem um governo que "em nenhuma circunstância permita que o Irã adquira armas nucleares".
Pouco antes do discurso, Cruz havia adiantado no Twitter a decisão de lançar sua candidatura presidencial e divulgou vídeos no YouTube.
Dessa forma, ao colocar seu nome no ringue, Cruz deu o pontapé inicial às campanhas para a eleição presidencial do próximo ano, surpreendendo como o primeiro candidato oficial da corrida à Casa Branca.
Cruz optou por pular um passo tradicional entre políticos americanos, o da criação de comitês exploratórios, e decidiu iniciar a campanha diretamente. O movimento implica também o início da arrecadação de recursos financeiros para a campanha.
Pouco depois do fim do discurso, a presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata, representante Debbie Wasserman, divulgou uma nota afirmando que a visão de Cruz sobre o ato de governar é "irresponsável".
Na nota, o comitê afirmou que Cruz apenas repetiu "uma ladainha das mais extremadas posições" do Partido Republicano.
Em sua página oficial no Twitter, o Partido Democrata se limitou a comentar que Cruz, "o arquiteto do desastroso ;shutdown; (paralisia parcial) do governo em 2013, é candidato a presidente".
Dura briga
A candidatura de Cruz busca se consolidar como a opção preferencial dos setores mais conservadores do Partido Republicano, mas nesta disputa por espaço precisará enfrentar outros candidatos igualmente fortes.
Entre eles, destacam-se o governador do Wisconsin, Scott Walker, e o ex-governador do Arkansas Mike Huckabee. Entre os republicanos menos radicais, sobressaem os nomes do ex-governador da Flórida Jeb Bush e do governador de Nova Jersey, Chris Christie.
Uma pesquisa informal realizada em fevereiro durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), o grande encontro anual da ala direitista do partido Republicano, colocou Cruz na terceira posição para as eleições presidenciais de 2016, com 11,5%, atrás do senador do Kentucky (centro-leste) Rand Paul e do governador Walker.
Apesar de seu sobrenome e de ser filho de um exilado cubano, Cruz não fala espanhol (em uma entrevista disse que foi criado falando "spanglish"). Um vídeo lançado nesta segunda-feira dirigido à comunidade latina é dublado com a voz de um locutor profissional.
Cruz nasceu em Calgary, no Canadá, filho de mãe americana, mas desde muito jovem se instalou no Texas, onde passou toda a sua vida.
De acordo com Cruz, embora tenha nascido no Canadá, herdou a nacionalidade de sua mãe e, portanto, é um americano de nascimento, como exige a Constituição para ocupar o cargo de presidente.
Como precaução, Cruz renunciou em 2013 a sua nacionalidade canadense.