postado em 24/03/2015 18:30
[FOTO414894]Cento e cinquenta pessoas morreram nesta terça-feira no acidente com o avião Airbus A320 da companhia de baixo custo Germanwings, pertencente à alemã Lufthansa, que caiu nos Alpes franceses. Uma das caixas-pretas da aeronave já foi encontrada e enviada para análise. A busca pelos corpos será retomada nesta quarta-feira (25/3).
O A320 da Germanwings voava entre Barcelona e Düsseldorf, com 144 passageiros e seis tripulantes. A aeronave caiu entre Digne e Barcelonnette, em um vale escarpado do maciço de La Blanche, cerca de 1.500 metros acima do nível do mar.
"Até o momento, não há sinais de que alguém tenha sobrevivido ao acidente", declarou nesta terça-feira à tarde, em Seyne-les-Alpes, o general David Galtier, da Gendarmeria regional. "Imagem insuportável nesta paisagem de montanha. Não resta nada, a não ser destroços e corpos", tuitou o deputado francês Christophe Castaner, que sobrevoou o local da queda de helicóptero.
"É terrível. O avião está totalmente destruído", lamentou. A catástrofe aérea, a pior da França nos últimos 40 anos, fez vítimas "espanholas, alemãs e, sem dúvida, turcas", anunciou o presidente francês, François Hollande.
[SAIBAMAIS]O ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Didier Reynders, citou ao menos uma vítima belga. O acidente coincidiu com o início da visita de Estado dos reis Felipe e Letizia a Paris. A viagem foi cancelada pelos monarcas, assim que souberam da tragédia. A Espanha decretou três dias de luto oficial.
Segundo a companhia Germanwings, 67 alemães estavam a bordo. Entre os passageiros, também havia dois bebês, além de 16 adolescentes alemães acompanhados de duas professoras. O grupo voltava para casa depois de fazer um intercâmbio escolar com estudantes espanhóis do Ensino Médio.
Os primeiros familiares das vítimas espanholas chegaram, emocionados, ao aeroporto de Barcelona, em busca de notícias sobre seus entes queridos. A chanceler alemã, Angela Merkel, e o chefe de Governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciaram que viajarão na quarta-feira ao local do acidente. Lá, ambos se reúnem com Hollande.
A aeronave caiu em uma área de difícil acesso, desabitada, em uma cadeia de montanhas que se eleva a mais de 2.000 metros de altitude. Destroços da aeronave foram vistos em uma área de vários quilômetros quadrados. As primeiras imagens do local mostram pedaços da cabine com vigas visíveis, mas também partes bem pequenas, que sugerem que a aeronave se desintegrou ao se chocar com o chão.
"Neste estágio, nenhuma hipótese pode ser descartada para explicar o acidente", declarou na Assembleia Nacional o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, de origem catalã, que suspendeu por 24 horas sua participação na campanha para as eleições de domingo.
Uma investigação judicial já foi aberta pelo Escritório de Investigação e Análise francês (BEA). "Não sabemos os motivos desse acidente (...) Estamos fazendo todo o possível para viajar para o local dos fatos, entender o que aconteceu e poder acolher as famílias das vítimas nas melhores condições", garantiu o premiê francês.
Em entrevista coletiva no aeroporto de Barcelona, a vice-presidente para a Europa do grupo Lufthansa, Heike Birlenbach, disse se "tratar de um acidente, e qualquer outra coisa seria especulação".
O grupo Airbus também declarou "não ter nenhuma informação" até agora sobre as circunstâncias do acidente. As investigações devem avançar rapidamente, já que "uma caixa-preta da aeronave foi encontrada e será encaminhada para os serviços competentes", anunciou o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve.
EUA e Rússia oferecem ajuda
As autoridades francesas iniciarão rapidamente o processo de recuperação dos corpos. A operação deve demorar, devido ao difícil acesso ao local. "Uma das dificuldades que temos é o acesso ao local do desastre, particularmente hostil, (que estará) em breve sob neve e chuva", indicou o general Galtier. "É um lugar muito inacessível que só pode ser alcançado de helicóptero, ou a pé", explicou.
Sem contato com a tripulação da aeronave e nenhum sinal de radar, a Direção de Aviação Civil francesa (DGAC) declarou o voo em perigo às 9h30 GMT (6h30 no horário de Brasília), perto da pequena cidade de Barcelonnette. A tripulação do avião não chegou a emitir um sinal de emergência, segundo a DGCA.
A queda do avião durou cerca de oito minutos, relatou a Germanwings, acrescentando que "o piloto tinha mais de dez anos de experiência e 6.000 horas de voos". Uma testemunha que esquiava perto do local do acidente contou a uma emissora de televisão francesa que ouviu "um grande barulho".
Com capacidade para transportar de 150 a 180 pessoas, o A320 acidentado foi entregue à Lufthansa em 1991 e passou por uma ampla revisão "no verão de 2013", assegurou Thomas Winkelmann, um dos diretores da empresa em Colônia, no oeste da Alemanha.
Uma capela foi instalada em Seyne, comuna vizinha do local do desastre. Mais de 300 bombeiros e 300 gendarmes foram mobilizados, assim como dez helicópteros e aeronaves militares. Estados Unidos e Rússia ofereceram ajuda à França para as operações de recuperação dos corpos.
"É dilacerante, porque, aparentemente, significa a perda de muitas crianças", reagiu o presidente americano, Barack Obama, que enviou seus pêsames aos governos alemão e espanhol. Este desastre é o primeiro na França desde a queda de um Concorde da Air France, que causou 113 mortes (100 passageiros, nove membros da tripulação e quatro mortos no chão), em 25 de julho de 2000, pouco depois de decolar do aeroporto Roissy-Charles de Gaulle.
Também é o mais grave no país em mais de 30 anos, após a queda de um DC-9 da empresa Inex Adria em uma montanha da Córsega, que deixou 180 mortos. O pior desastre aéreo na França aconteceu em 3 de março de 1974, quando um DC-10 da Turkish Airlines caiu ao norte de Paris, causando 346 vítimas fatais.