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Iêmen, sob ameaça do avanço xiita, pede intervenção militar árabe

Rebeldes xiitas afirmam ter capturado o ministro da Defesa do país, general Mahmud el-Subaihi

Agência France-Presse
postado em 25/03/2015 12:36
Adem, Iêmen - O ministro das Relações Exteriores do Iêmen pediu nesta quarta-feira (25/3) uma intervenção militar árabe urgente em seu país, enquanto os milicianos xiitas huthis continuam avançando na direção de Áden (sul), reduto do presidente Abd Rabo Mansur Hadi.



O cerco está se fechando sobre a grande cidade do sul, com as milícias xiitas apoiadas pelas tropas leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, a apenas 40 km de distância.

Os huthis afirmaram ter capturado o ministro da Defesa, general Mahmud el-Subaihi, na cidade de Huta, capital da província de Lahej, vizinha da de Áden. Ele teria sido levado à capital Sana, segundo o porta-voz dos rebeldes xiitas, Mohamed Abdessalam, citado pelo canal Al-Massira.

Pouco antes, eles tomaram o controle de uma grande base aérea, a de Al-Anad, abandonada na semana passada pelos militares americanos.

Frente a esta ameaça, o presidente Hadi foi levado para um "local seguro em Áden", indicou uma autoridade que não quis se identificar.

O ministro interino das Relações Exteriores, Ryad Yassin, também negou que o chefe de Estado tenha fugido para o exterior, como havia sido informado por um membro da guarda presidencial.

O ministro indicou que sua equipe pedirá "uma intervenção militar urgente" durante a cúpula anual da Liga Árabe que acontecerá no sábado na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh.

O presidente Hadi havia pedido na terça-feira que o Conselho de Segurança da ONU adotasse uma "resolução vinculante" para parar o avanço dos huthis.

Ele convidou "todos os países que o apoiam a fornecer um apoio imediato à autoridade legítima, por todos os meios, para proteger o Iêmen".

O presidente Hadi confirmou ter solicitado às monarquias sunitas do Golfo uma "intervenção militar" contra os huthis, que receberiam o apoio do Irã.

A Arábia Saudita reuniu terça-feira à noite seu Conselho de Assuntos Políticos e de Segurança, que, de acordo com a agência oficial de notícias SPA, discutiu os "desenvolvimentos na região."

Domingo, o ministro da Defesa saudita, o príncipe Mohamed bin Salmane Bin Abdul Aziz, fez uma inspeção das forças armadas em Jizane, perto da fronteira com o Iêmen, onde averiguou as condições das instalações militar nesta província do sul.

Na mira
No terreno, as forças rebeldes chegaram ao porto de Mocha, no Mar Vermelho, que abre o caminho para o Estreito de Bab al-Mandeb, na foz do Golfo de Áden, de acordo com fontes militares e da segurança.

"Eles começaram a entrar no %u200B%u200BMocha na terça-feira (24/3), onde têm aliados no exército, mas sem controlar a cidade e seu porto", declarou uma fonte militar.

As forças anti-Hadi fortaleceram suas posições em Aqqane, uma localidade a 12 km da base aérea de Al-Anad, segundo fontes tribais.

Elas bombardearam as tropas leais ao presidente, apoiados por "comitês populares", reforços do exército e de tribos, que replicaram a partir de suas posições situadas cerca de dez quilômetros de distância, de acordo com uma fonte militar.

Na frente de Lahej, capital da província de mesmo nome, conquistada no dia anterior pelos huthis, vários civis ficaram feridos nos confrontos, segundo moradores e fontes tribais.

Terça-feira à noite, os anti-Hadi conquistaram Karch -onde dois civis foram mortos- na fronteira entre as províncias de Lahej e Taiz, e tomaram duas posições do exército e de um grupo sudista, localizadas 15 km mais ao sul, na estrada para Áden, segundo fontes tribais.

Ante a ofensiva, os habitantes de Áden manifestaram nesta quarta-feira em frente ao um depósito para recuperar armas que eles finalmente obtiveram, de acordo com fontes de segurança.

O aprofundamento da crise ofuscou a perspectiva de um diálogo inter-iemenita, originalmente proposto em Riade, mas que, segundo a imprensa, poderia ser realizado no Catar, que preside o Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo.

"O Catar está orgulhoso de desempenhar um papel construtivo na política regional, oferecendo-se para sediar negociações para solucionar a crise política no Iêmen", declarou nesta quarta-feira uma autoridade catari, Mohamed Al-Rumaihi.

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