postado em 26/03/2015 08:58
O copiloto, sozinho na cabine, acionou deliberadamente o mecanismo de descida do Airbus A320 da Germanwings, segundo Rice Robin, promotor público de Marselha. A provável intenção do homem, identificado como Andreas Lubitz, era destruir o avião, afirmou Robin, que coordena a investigação da tragédia aérea que deixou 150 pessoas mortas. O funcionário da companhia alemã havia sido contratado em setembro de 2013 e tinha 630 horas de voo de experiência, informou a Lufthansa à AFP.
[SAIBAMAIS]Segundo uma fonte próxima das investigações, no momento do acidente apenas um piloto estava na cabine e o outro estava bloqueado do lado de fora, informação não confirmada ainda pela Lufthansa, casa matriz da Germanwings. O piloto do Airbus A320 que transportava 150 pessoas, tinha 10 anos de experiência e mais de 6 mil horas de voo, segundo a Germanwings.
Segundo Robin, os sons da caixa-preta dão a entender que o copiloto estava aparentemente bem e não parecia ter sofrido algum problema de saúde. Durante os dez minutos finais do voo, ele não abriu a porta e não emitiu nenhuma palavra. Era possível ouvir apenas a respiração dele. Os passageiros só perceberam o que ocorria momentos antes do impacto final. "As vítimas morreram no ato", afirmou o promotor, acrescentando que gritos foram ouvidos nos últimos instantes da tragédia.
A investigação também indica numerosos apelos de informação da torre de controle de Marselha e que não houve absolutamente nenhuma resposta. O promotor assegurou que as relações dos pilotos serão interrogadas pelas autoridades alemãs, revelando que o áudio deixa claro que inclusive o copiloto beneficiou a ausência do capitão, antes de cometer o ato que resultou na tragédia. "Depois que o comandante saiu da cabine, o copiloto ficou no comando e acionou o mecanismo de descida".
Brice Robin também esclareceu que não há indícios de ligações de Andreas Lubitz com grupos extremistas e que nada leva a pensar que o avião tenha sido alvo de um ato terrorista. A polícia alemã deverá fornecer informações adicionais sobre a formação dele e a vida privada ainda nesta semana. O promotor preferiu não usar o termo ;suicídio;, já que outras 149 pessoas estavam no avião.
Em publicação no Twitter, a Germanwings afirmou que a empresa está ;abalada pelas declarações perturbadoras das autoridades francesas;. Ressaltaram que os pensamentos e orações de todos permanecem com as famílias e amigos das vítimas. Uma coletiva à imprensa será ainda hoje.
Perfil
Andreas Guenther Lubitz era um alemão de 28 anos que morava com os pais e não possuía motivações terroristas conhecidas. Andreas Lubitz começou a trabalhar na Germanwings em setembro de 2013, logo depois do fim de sua formação no centro de pilotagem do grupo Lutfhansa em Bremen, norte da Alemanha. Ele tinha apenas 630 horas de voo.
Lubitz era oriundo da localidade de Montabaur, no estado regional da Renânia-Palatinado (oeste), e morava com os pais na mesma cidade, mas também tinha um apartamento em Dusseldorf (oeste), base de operações da Germanwings e destino do voo que partiu de Barcelona na terça-feira, segundo declarações de Gabriele Wieland, prefeita da pequena cidade. Andreas Lubitz era membro de um clube particular de aviadores, o LSC Westerwald, e corredor de rua amador.
O outro piloto do A32O, o comandante, não foi oficialmente identificado. Ele trabalhou para as companhias alemãs Condor e Lufthansa antes de ser contratado pela Germanwings em maio de 2014. Com mais de 10 anos de experiência de voo no grupo Lufthansa e mais de 6 mil horas de voo, passou a maior parte de sua carreira em aparelhos do tipo Airbus.
Segundo o jornal alemão Bild, ele se chamaria Patrick S. e seria pai de dois filhos.
Entenda
O Airbus A320 partiu de Barcelona, na Espanha, com destino a Düsseldorf, na Alemanha, e levava 150 pessoas ; 144 passageiros e seis tripulantes. Segundo informações da Germanwings, entre as vítimas do voo 4U9525 havia 72 alemães, 35 espanhóis, 2 australianos, 2 argentinos, 2 iranianos, 2 venezuelanos, 2 americanos, 1 marroquino, 1 britânico, 1 holandês, 1 colombiano, 1 mexicano, 1 dinamarquês, 1 belga e 1 israelense. A origem de algumas vítimas ainda é incerta, especialmente devido a casos de dupla nacionalidade. A aeronave descolou às 9h55 locais (5h55 de Brasília). Segundo a empresa, a queda durou oito minutos. Os destroços foram localizados em uma região de 2 mil metros de altitude.
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Comoção
O presidente da França, François Hollande; a chanceler da Alemanha, Angela Merkel; e o premiê da Espanha, Mariano Rajoy visitaram o vilarejo de Seyne-les-Alpes, sede das operações de resgate. Sem disfarçar a emoção, os três se abraçaram, evocaram a ;solidariedade europeia; e conversaram com bombeiros e militares, antes de entrarem numa capela. Outro momento impactante ocorreu diante na montanha, na aldeia de Le Vernet, de onde o trio avistou a encosta com os destroços. ;O povo francês está aqui, ombro a ombro com vocês, durante essa provação. Faremos de tudo para encontrar, identificar e devolver às famílias os corpos de seus entes queridos;, declarou Hollande.
Resgate de corpos
A polícia francesa reiniciou nesta manhã as operações de recuperação dos corpos das vítimas do avião. Vários helicópteros transportam médicos legistas para a área do acidente, assim como investigadores.
Com informações da France Presse