Agência France-Presse
postado em 01/04/2015 14:41
A polícia turca matou nesta quarta-feira (1/4) uma mulher que tentou atacar a sede da polícia em Istambul, no dia seguinte a uma tomada de refém que terminou com a morte de dois militantes de extrema-esquerda e do sequestrado, um promotor.Em uma declaração escrita, o governador de Istambul, Vasip Sahin, indicou que duas pessoas abriram fogo contra o prédio que abriga a direção da polícia, no distrito de Fatih.
"Uma mulher terrorista foi morta neste ataque, ela carregava uma bomba e uma arma. O outro agressor, que foi ferido, conseguiu escapar", acrescentou Sahin.
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Segundo os meios de comunicação turcos, o agressor foi preso pouco depois pelas forças de ordem. A imprensa turca também informou que a vítima, cuja identidade e motivações não foram reveladas, carregava duas granadas.
Este novo ataque ocorre menos de 24 horas após a tomada de reféns num tribunal da cidade.
Após seis horas de negociações, a polícia deu início a uma operação na terça-feira contra dois militantes de um grupo de extrema-esquerda que sequestraram um promotor. Os dois sequestradores foram mortos, bem como o promotor Mehmet Selim Kiraz, em circunstâncias que ainda precisam ser estabelecidas.
Na manhã desta quarta-feira, a polícia turca lançou uma grande operação que terminou com a prisão de 22 estudantes suspeitos de vínculos com o Partido/Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C), que reivindicou a tomada de reféns.
Segundo a agência de notícias Dogan, a polícia recebeu informações que davam a entender que o DHKP-C preparava operações similares a de terça-feira.
;Um herói;
Considerado um movimento terrorista por Ancara, o DHKP-C realizou desde os anos 1990 uma série de atentados, principalmente contra as autoridades.
Dois meses antes das eleições parlamentares de 7 de junho, o primeiro-ministro conservador Ahmet Davutoglu prometeu nesta quarta-feira agir com firmeza contra o que ele descreveu como uma "aliança do mal".
"Nós não vamos cair nessa armadilha, não vamos sacrificar o país (...) se alguém manifesta com o rosto escondido ou com coquetéis molotov, não será tolerado", trovejou depois de assistir ao funeral do promotor.
Mais cedo, centenas de juízes e advogados prestou homenagem a seu colega no tribunal onde morreu, sob uma enorme bandeira proclamando "Não vamos esquecer de ti, nosso mártir."
"Ele é um herói", lançou por sua vez o presidente Recep Tayyip Erdogan, que decidiu encurtar sua visita oficial à Romênia por causa dos últimos acontecimentos. "É essencial que aqueles que acreditam na democracia se revoltem contra esses ataques", afirmou.
O magistrado investigava as circunstâncias da morte do adolescente Berkin Elvan, em 11 de março de 2014, depois de passar 269 dias em coma após o uso de uma bomba de gás lacrimogêneo pela polícia durante um protesto em 2013 em Istambul.
De acordo com a imprensa turca, o comando que sequestrou o promotor exigia que os policiais responsáveis pela morte de Berkin Elvan fizessem uma "confissão pública" e fossem levados perante um "tribunal do povo".
Nenhum policial foi até este momento indiciado pela morte.
Em março de 2014, o anúncio de sua morte provocou manifestações em massa em toda a Turquia. O adolescente se tornou um símbolo do autoritarismo de Erdogan.