Agência France-Presse
postado em 01/04/2015 17:05
O governador do estado americano do Arkansas, o republicano Asa Hutchinson, anunciou nesta quarta-feira (1/4) que solicitará mudanças em uma lei local sobre a liberdade religiosa adotada no dia anterior, após a onda de repúdio nacional a um texto considerado potencialmente discriminatório contra os homossexuais. Este recuo se deveu às pressões de grandes empregadores, como a gigante varejista Walmart, que temem que, em nome da liberdade de religião, empresas e estabelecimentos comerciais se neguem a servir clientes gays, prejudicando a reputação do estado.
"Pedi para que alterações sejam aplicadas à legislação", declarou o governador Hutchinson durante uma coletiva de imprensa.
Os legisladores do Arkansas votaram na terça-feira uma lei de "restauração da liberdade de religião", inspirada nos textos adotados por 19 outros estados. O Estado federal também possui uma lei de mesmo nome desde 1993.
Estas leis visam a impedir os poderes públicos de cercear a liberdade religiosa dos cidadãos, exceto em caso de interesse público.
Mas os textos dos estados de Indiana e Arkansas foram escritos de forma diferente e estendem às companhias as proteções em nome da religião.
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Para as associações de defesa dos direitos dos homossexuais, a lei oferece uma defesa a um comerciante que queira se negar a servir clientes gays em razão de suas convicções religiosas, como por exemplo um fornecedor que se recuse a trabalhar para um casamento de dois homens.
O governador do Arkansas reconheceu que o texto local difere da versão federal e pede aos legisladores uma emenda à lei ou uma nova votação de um segundo texto a fim de "minimizar os riscos de discriminação no trabalho ou em locais públicos".
Seu próprio filho teria assinado uma petição pedindo para que vetasse a lei.
Também assinou a petição o CEO do Walmart, a maior rede de distribuição do mundo, com sede no Arkansas.
"Todos os dias em nossas lojas constatamos os benefícios da diversidade e da inclusão entre os nossos funcionários, nossos clientes e as cidades em que atuamos", declarou Doug McMillon em um comunicado.
A lei "ameaça minar o espírito desta inclusão, muito presente no estado do Arkansas, e não reflete nossos valores", insistiu.
Na terça-feira (31/3), o governador de Indiana, Mike Pence, cedeu à pressão e ameaças de boicote, convocando a votação de um novo texto esclarecendo que a lei não equivale a uma licença para discriminar.
"Queremos dizer alto e claro que Indiana está aberta aos negócios", disse Mike Pence.