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Reféns de atentado denunciam jornal francês por revelar esconderijo

Um veículo de comunicação revelou, durante a tomada de reféns em Paris, que alguns estavam escondidos na câmara frigorífica da loja

Agência France-Presse
postado em 03/04/2015 15:52
Seis pessoas que permaneceram escondidas no supermercado de Paris, onde um jihadista matou quatro clientes no dia 9 de janeiro, apresentaram uma denúncia contra os meios de comunicação, sobretudo contra o canal BFMTV, por terem colocado em risco suas vidas, anunciou seu advogado.

Amédy Coulibaly, um dos três jihadistas que cometeram os atentados de Paris, fez reféns e matou quatro judeus em um supermercado do bairro de Vincennes e, na véspera, uma agente municipal.

Na denúncia, vista pela AFP e apresentada em 27 de março pelo advogado Patrick Klugman, há queixas principalmente contra um veículo de comunicação que revelou durante a tomada de reféns que alguns clientes estavam escondidos na câmara frigorífica da loja.

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[SAIBAMAIS]"Vários meios deixaram de lado as regras mais elementares da prudência, ao retransmitir ao vivo a evolução das operações das forças policiais e por anunciar o ataque aos autores do atentado contra revista Charlie Hebdo, os irmãos Kouachi, enquanto Coulibaly tinha reféns em Paris", afirmam os autores da denúncia.

"Os métodos de trabalho dos meios de comunicação em tempo real nesse tipo de situação são incitações ao crime", denunciou Klugman à AFP. Seus clientes destacam em sua denúncia que Coulibaly "seguia a evolução das informações por diferentes televisões, entre elas a BFMTV" e esteve em contato com jornalistas desse canal.

A vida de seus clientes "teria estado exposta se Coulibaly ficasse sabendo em tempo real da informação difundida pela BFMTV" de que estavam escondidos na câmara frigorífica, denunciou Klugman.

Expôr a vida alheia ao risco pode ser apenado com um ano de reclusão e multa de 15.000 euros.

O Conselho Superior Audiovisual (CSA), organismo de regulação dos meios audiovisuais franceses, emitiu em 11 de fevereiro 36 advertências a 16 emissoras de rádio e canais de televisão que revelaram em suas transmissões ao vivo informações que poderiam colocar em perigo a vida de reféns nos atentados de Paris.

No dia 7 de janeiro, os irmãos Kouachi assassinaram 12 pessoas na redação do semanário satírico Charlie Hebdo. No dia seguente, Amédy Coulibaly matou uma agente municipal em Montrouge, periferia sul de Paris, e em 9 de janeiro assassinou quatro clientes judeus no supermercado Hyper Cacher.

Os três homens morreram em ação policial.

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