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Rolling Stone pede desculpa por artigo sobre estupro em universidade

"Foi muito doloroso ler este informe, para mim, pessoalmente, e para todos na Rolling Stone", admite o editor-chefe da revista

Agência France-Presse
postado em 06/04/2015 09:12

Washington, Estados Unidos - A revista americana Rolling Stone pediu desculpas nesta segunda-feira (6/4) e retirou de seu site um artigo publicado em novembro sobre acusações não comprovadas de um suposto estupro coletivo ocorrido em um campus universitário.


Em seu lugar, a revista publicou um documento produzido pela prestigiada Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia, que aponta os erros evitáveis dos jornalistas que escreveram o artigo.

"É a história de um erro jornalístico evitável, um erro que inclui a reportagem, a releitura, a supervisão editorial e a verificação dos fatos", afirma o documento de 8.000 palavras que foi encomendado pela revista, famosa por suas investigações detalhadas.

"Foi muito doloroso ler este informe, para mim, pessoalmente, e para todos na Rolling Stone", admite o editor-chefe da revista, Will Dana, em uma nota que introduz o texto.

Publicado em novembro de 2014, o artigo relatava o estupro coletivo de uma jovem identificada como "Jackie", que afirmava ter sido violentada no campus da Universidade da Virginia (leste) em 2012, na festa de uma irmandade.

A nota desencadeou protestos estudantis e a suspensão das irmandades nesta universidade. Também provocou um debate nacional sobre a violência sexual nos campi nos Estados Unidos.

A polícia abriu uma investigação na época, mas a veracidade dos fatos foi colocada em xeque por vários meios de comunicação, entre eles o jornal Washington Post, que expuseram as falhas jornalísticas cometidas no artigo, como a verificação das fontes.

Em março, após cinco meses de investigação, a polícia considerou que não havia elementos suficientes que pudessem confirmar a versão da suposta vítima.

O chefe de polícia de Charlottesville, Virginia, Timothy Longo, afirmou "não estar em condições de concluir em um grau substancial que tenha ocorrido um incidente na casa da fraternidade Phi Kappa Psi ou em qualquer outra fraternidade".

"Isso não significa que algo terrível não tenha ocorrido com Jackie, simplesmente não pudemos reunir dados suficientes para determinar o que ocorreu", explicou Longo.

A irmandade em questão havia desmentido a versão de "Jackie", negando ter organizado uma festa na noite na qual a mulher dizia ter sido agredida, um elemento confirmado pela polícia.

Atualmente, o caso está suspenso, mas não encerrado, o que deixa a porta aberta a mais investigações caso novas evidências venham à tona.

Em dezembro, a revista já havia se retratado de sua história, afirmando que havia cometido um erro ao acreditar na versão da suposta vítima sem buscar outras fontes.

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