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Itália introduzirá crime de tortura após condenação da Europa

Na Itália, qualquer pessoa que cometa um ato de tortura, sendo ela um oficial ou cidadão comum, não pode ser julgado por tortura, o que tem sido denunciado por muitos setores e movimentos políticos

Agência France-Presse
postado em 07/04/2015 16:43
A Itália vai introduzir o crime de tortura como resposta à condenação feita na terça-feira pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos pela violência exercida pela polícia contra manifestantes antiglobalização durante a cúpula do G8 de 2001 em Gênova.

O tribunal europeu, com sede em Estrasburgo (França), estabeleceu após 14 anos que o ocorrido na escola Diaz de Gênova (norte da península) durante a noite de 21 de julho de 2001 contra dezenas de militantes que se alojavam ali deve ser "qualificado como tortura".

Trata-se de uma nova condenação grave contra a Itália, que questiona sua legislação, que carece de normas contra a tortura. A corte europeia considera que foi violado o artigo 3 da Convenção de Direitos Humanos e avaliou que a Itália tem uma "legislação inadequada contra a tortura", o que acelerou o processo parlamentar para que o crime seja introduzido.

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"A nova lei não apagará esta página negra da história recente da Itália, mas pelo menos alinhará o país com as legislações do restante da Europa", explicou a presidente da Câmara de Deputados, Laura Boldrini.

Na Itália, qualquer pessoa que cometa um ato de tortura, sendo ela um oficial ou cidadão comum, não pode ser julgado por tortura, o que tem sido denunciado por muitos setores e movimentos políticos.

"A condenação do tribunal europeu não me surpreende, porque o que aconteceu na cúpula de Gênova foi desumano e aberrante. Mas o pior disso tudo é que todos os delitos cometidos nessa noite prescreveram, porque não temos uma lei contra a tortura", denunciou o senador Peppe De Cristofaro, do partido Esquerda e Liberdade.

Há quatro anos o Parlamento italiano estuda uma lei que prevê penas de 4 a 10 anos de prisão e estabelece que a tortura é um crime comum. A pena é maior se aquele que o comete é uma autoridade pública.

"Esperamos que a lei seja aprovada. É algo importante para o país", comentou Giuliano Giuliani, pai de um jovem que foi morto por um policial durante os confrontos.

Durante a repressão policial, sessenta ativistas precisaram ser hospitalizados, alguns em coma.

Cerca de 25 oficiais da polícia foram condenados pela justiça italiana. Contudo, o tribunal europeu considerou a resposta inadequada, uma vez que os oficiais em questão foram condenados a penas leves e não participaram diretamente da violência.

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