postado em 10/04/2015 17:20
Um ano e oito meses depois de o diplomata Eduardo Saboia organizar a retirada, de La Paz, do então senador boliviano Roger Pinto Molina e trazê-lo para o Brasil, sem autorização do governo brasileiro, a Corregedoria do Itamaraty concluiu a sindicância para apurar a quebra de hierarquia e sua responsabilidade no caso, aplicando penalidade administrativa de 20 dias de suspensão ao servidor. A decisão foi publicada no boletim interno de hoje (10/4) da instituição.Em agosto de 2013, dois meses após assumir como encarregado de negócios (substituto temporário do embaixador) na Bolívia, e reiterar ao Itamaraty as dificuldades vividas por Pinto Molina, que ficou 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz, após pedir asilo ao país, o diplomata, com mais de 20 anos de carreira, decidiu organizar a saída do senador, opositor do presidente Evo Morales. Cerca de 22 horas depois de sair da capital boliviana, em um carro da Embaixada brasileira, escoltado por fuzileiros navais, Pinto Molina chegou a Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia, no dia 24 de agosto, de onde viajou para Brasília.
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Na época, o atual ministro de segunda classe do Itamaraty se defendeu, afirmando que esteve duas vezes em Brasília e relatou que o senador boliviano sofria de depressão e estava com problemas renais. Saboia disse que pediu, inclusive, para deixar o posto em La Paz e ser transferido para outro país ou voltar para o Brasil. O salvo-conduto para o senador deixar a Bolívia era negado pelas autoridades bolivianas sob a alegação de que o parlamentar respondia a processos judiciais no país, por suspeita de corrupção.
A repercussão do caso acabou levando a presidenta Dilma Rousseff a substituir, poucos dias depois, o então chanceler Antonio Patriota por Luiz Alberto Figueiredo, então representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Quase dois anos depois da entrada no país, Pinto Molina continua vivendo em Brasília. Quanto ao diplomata Eduardo Saboia, o Senado fez pedido de requisição ao Itamaraty para que ele trabalhe na Comissão de Relações Exteriores da Casa.