Agência France-Presse
postado em 12/04/2015 19:03
A Arábia Saudita pressionou neste domingo Teerã para que deixe de dar apoio aos rebeldes xiitas no Iêmen, apesar de destacar que seu país não está em guerra com o Irã. Em uma coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores saudita, o príncipe Saud al Faisal, pediu a Teerã que "não apoie as atividades criminosas dos huthis", um grupo que enfrenta o governo e que controla várias regiões do Iêmen, inclusive a capital.Além disso, Faisal defendeu o papel da coalizão que Riad lidera, já que atuam a pedido do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, refugiado na Arábia Saudita. No entanto, o chefe da diplomacia enfatizou que seu país não está em guerra com o Irã, que condenou os bombardeios da coalizão como "atos criminosos", embora negue que esteja dando apoio aos rebeldes.
[SAIBAMAIS]Na véspera, o porta-voz da coalizão árabe que bombardeia os rebeldes huthis, o general Ahmed Asiri, disse que seu país "tem provas suficientes de que o Irã fornece armamento aos milicianos". Em relação ao confronto, o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, de visita a Riad, disse que "num momento ou outro, será necessário chegar a uma negociação".
Bombardeios prosseguem
A Arábia Saudita insiste que a campanha militar no Iêmen começa a apresentar resultados, apesar das críticas e da resistência dos rebeldes xiitas. Os danos colaterais, a destruição das infraestruturas civis e uma situação humanitária catastrófica não mudam a postura de Riad, que lidera a coalizão de nove países árabes que bombardeiam os rebeldes huthis desde 26 de março.
"Os bombardeios aéreos vão prosseguir", afirmou o porta-voz da coalizão. Mas o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo neste domingo pela retomada do processo de paz no Iêmen e o fim de todas as operações militares no país. "Deveria acontecer um cessar das ações militares o mais rápido possível", afirmou à imprensa em Doha.
"O processo de paz deve recomeçar, a ONU está pronta", completou o secretário-geral. O enviado de Ban Ki-moon ao Iêmen, Jamal Benomar, tentou em vão uma mediação entre os protagonistas da crise. Desde o início da operação, a coalizão executou 1.200 ataques, passando de 35 bombardeios diários a 50, 80 e finalmente 120, segundo o porta-voz.
Os ataques da coalizão neutralizaram as capacidades aéreas e balísticas dos rebeldes e seus aliados, militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, afirmou Asiri. Um ataque aéreo da coalizão atingiu neste domingo uma base militar no sul do Iêmen e matou 15 rebeldes, ao mesmo tempo que outras 12 pessoas faleceram em combates em Áden.
Os aviões da coalizão árabe bombardearam o Campo 22 na região de Al-Dhahra, na província de Taez. O ataque deixou 15 mortos entre os rebeldes xiitas huthis e seus aliados, informou uma fonte médica. Oito insurgentes ficaram feridos. O atual presidente do Iêmen, Abd Rabbo Mansur Hadi, fugiu da capital para Áden e, quando os rebeldes começaram a avançar para esta cidade, buscou refúgio em março na Arábia Saudita.
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Mais de 500 rebeldes xiitas iemenitas morreram em combates com o exército saudita na fronteira entre os dois países desde 26 de março, anunciou no sábado o ministério saudita da Defesa. Este foi o primeiro balanço de perdas humanas do lado xiita divulgado por uma das partes desde o início da campanha aérea.
"Mais de 500 milicianos huthis morreram nos confrontos na fronteira desde o início da operação ;Tempestade Decisiva;", informou em um comunicado o ministério da Defesa. Riad ignorou até o momento os apelos das ONGs para a criação de um corredor humanitário que permita ajudar os milhares de civis presos no conflito.
Mas os sauditas permitiram o desembarque em Sanaa de três cargas de ajuda médica do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e outros do Unicef, que somam o total de 70 toneladas de assistência. A determinação dos sauditas de continuar com os bombardeios é acompanhada por acusações cada vez mais diretas ao Irã.
"Temos provas suficientes que demonstram que o Irã apoia, arma e treina as milícias xiitas", declarou o general Asiri. Os rebeldes, que iniciaram sua campanha em Sada, norte do Iêmen, já controlam Sanaa, várias regiões do centro e oeste do país, assim como algumas áreas de Áden.