Adem - Escolas e empresas fechadas, escassez generalizada, êxodo de civis: a situação em Áden, a grande cidade do sul do Iêmen que tem sofrido com ataques aéreos e combates, se deteriorou no 19; dia de uma intervenção liderada pela Arábia Saudita.
Em Riad, o primeiro-ministro iemenita, Khaled Bahah, prestou juramento nesta segunda-feira como vice-presidente ante o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, refugiado na Arábia Saudita.
A promoção de Bahah, de 49 anos, foi aplaudida pelo Conselho de ministros saudita e pelo Conselho de Cooperação do Golfo, que incluiu além da Arábia Saudita seus cinco vizinhos árabes do Golfo.Visto como um homem de consenso, Bahah foi nomeado primeiro-ministro em outubro. Ele acumulará as duas funções.
Distante da calma de Riad, Áden acordou nesta segunda após uma longa noite de combates entre os partidários do presidente Hadi e seus adversários, os rebeldes xiitas huthis e seus aliados.
Ao menos 30 pessoas, incluindo treze civis, onze huthis e seis combatentes pró-Hadi, morreram nesses combates que atingiram diferentes bairros, segundo fontes médicas e militares.
Além disso, os ataques da coalizão prosseguiram durante a madrugada e tinham como alvos os postos de controle e posições dos rebeldes nas entradas da grade cidade portuária de Áden.
Os aviões bombardearam o complexo presidencial ocupado pelos rebeldes e que foi o último refúgio do chefe de Estado Abd Rabo Mansur Hadi, antes de sua fuga para a Arábia Saudita na véspera do início da intervenção militar árabe-sunita, em 26 de março.Muitas famílias fugiram da cidade desde o início dos combates.
"As escolas, as universidades e as empresas públicas e privadas fecharam", disse Mataz al-Maisuri, militante leal a Hadi e morador de Áden.
A população sofre com a falta de tudo, principalmente alimentos, segundo as organizações humanitárias."Há combates em todas as ruas e eu obriguei meus filhos a ficar em casa porque muitos vizinhos foram mortos por atiradores quando não tinham nada a ver" com esta guerra, acrescentou o morador.
Neste contexto, a equipe da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem tido dificuldades para se locomover e ter acesso às pessoas que necessitam de assistência médica, indicou Marie-Elisabeth Ingres, uma de suas chefes.
A crise é idêntica em Sanaa, de acordo com a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Marie Claire Feghali, presente na capital iemenita.
A ajuda do CICV é entregue com dificuldade em Sanaa e Áden, e deve ser enviada para Saada, reduto dos huthis no norte do país, disse Feghali à AFP.
Os rebeldes huthis controlam a capital Sanaa, regiões do centro e oeste, assim como de territórios no sul, o que provocou a intervenção saudita.Riad acusa o Irã xiita de enviar armas para os rebeldes, o que Teerã nega.
O presidente Hadi repetiu essas acusações contra os rebeldes em um artigo publicado nesta segunda-feira pelo New York Times, chamando-os de "fantoches" do Irã.
As perdas entre os huthis e seus aliados, os militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, são desconhecidas, mas as imagens dos ataques aéreos da coalizão árabe sugerem um grande número de mortos e feridos.