Agência France-Presse
postado em 15/04/2015 14:12
Roma - O mistério reinava nesta quarta-feira na Itália após o desaparecimento no domingo no Mediterrâneo de 400 imigrantes que tentavam entrar na Europa, enquanto aumenta a polêmica pela chegada maciça de imigrantes ilegais nos últimos dias.Se forem confirmados os primeiros testemunhos dados por sobreviventes, esta seria uma das tragédias mais graves ocorridas nos últimos meses e confirmaria que o Mediterrâneo é o mar mais perigoso para os imigrantes, disse Judith Sunderland, da organização Human Rights Watch (HRW).
Ao que parece, cerca de 400 imigrantes desapareceram no naufrágio de sua embarcação no domingo no Mediterrâneo, segundo sobreviventes que desembarcaram na Itália, interrogados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) e pela ONG "Save the children".
A guarda-costeira italiana, que auxiliou entre domingo e segunda-feira 42 embarcações que transportavam mais de 6.500 imigrantes, anunciou que havia resgatado 145 pessoas e recuperado nove corpos após o naufrágio de uma destas embarcações.
Até agora não foi possível estabelecer se os sobreviventes contactados pelas ONGs se referem aos mesmos naufrágios nos quais a Guarda Costeira italiana interveio.
As autoridades italianas estimam que as embarcações que partem geralmente da costa da Líbia costumam viajar com cerca de 500 pessoas, razão pela qual a zona segue sob vigilância.
Segundo os testemunhos de alguns dos 150 sobreviventes do naufrágio, que foram levados pela Guarda Costeira à região da Calabria, a bordo da embarcação se encontravam entre 500 e 550 pessoas, entre elas muitas jovens, "provavelmente menores".
O porta-voz da ONG Save the Children, Flavio di Giacomo, disse à AFP que é possível que a embarcação tenha virado durante os primeiros socorros.
A Save the Children advertiu em uma nota que "a situação na Líbia está fora de controle e que a violência nas ruas é inaudita", razão pela qual milhares de imigrantes cruzam o canal da Sicília para fugir da guerra civil.
Por outro lado, a situação nos centros de acolhida na Itália está à beira do colapso e não há espaço para receber mais imigrantes.O ministro do Interior, Angelino Alfano, enviou uma carta aos prefeitos de todo o país, na qual pede alojamento para 6.500 imigrantes.
A solicitação provocou a ira do governador da região da Lombardia, Roberto Maroni, dirigente do movimento contrário à imigração Liga Norte."Rejeitamos esta invasão, aqui não há mais lugar", declarou, um gesto apoiado pelo governador do Veneto.
Mais de 10.500 imigrantes ilegais chegaram à Itália desde o início do mês e à medida que o tempo melhora com a primavera o número aumenta.As estruturas de acolhida e asilo já abrigam mais de 80.000 pessoas.
Outro sinal de preocupação é a atitude belicosa dos traficantes depois que dispararam contra dois navios que tentavam resgatar barcos abandonados, algo que até agora não ocorria.