Agência France-Presse
postado em 15/04/2015 18:31
Pequim - O crescimento econômico da China desacelerou nos primeiros meses do ano, informou nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas, revelando os fracos indicadores que sugerem que a segunda economia mundial perde o fôlego.O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre janeiro e março foi de 7% ao ano, um pouco melhor do que o esperado pelos especialistas (%2b6,9%).Mas a cifra oficial é muito inferior aos %2b7,3% do trimestre precedente e aos %2b7,4% registrado em 2014, que foi o resultado mais fraco em 25 anos.
Também constitui o crescimento trimestral mais baixo da China desde 2009 e o início da crise financeira mundial. Pequim fixou para esse ano uma meta de crescimento de 7%.
Os indicadores publicados simultaneamente nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (BNS) descreve uma situação de grande morosidade.
A produção industrial chinesa só cresceu 5,6% ao ano em março, contra 6,8% no período de janeiro-fevereiro. Esse crescimento é o mais fraco desde novembro de 2008.
O setor continua atingido por uma demanda interna modesta e pela queda das exportações (15% em março).As vendas, entretanto, aumentaram 10,2% no mês passado, o ritmo mais baixo em pelo menos dez anos.
Os investimentos em capital fixo aumentaram 13,5% interanual no periodo janeiro-março, e também estão estagnados, sobretudo em comparação com as previsões do mercado.
"Apesar da desaceleração do crescimento econômico, o emprego, os preços ao consumo e as expectativas do mercado se mantêm estáveis", enquanto os "esforços de reestruturação progridem a passos largos", assegurou a BNS em comunicado.
Pequim se orgulha de seus esforços para "reequilibrar" um modelo econômico considerado obsoleto, incitando o consumo, apoiando a inovação e reforçando os serviços em detrimento da indústria pesada, os monopólios dos grupos de Estado e os investimentos pouco produtivos.
O Banco Central (PBOC) multiplica nos últimos meses as medidas de flexibilização com a esperança de estimular a atividade econômica.
Menos investimentos
Entretanto, "o crescimento sofre com o enfraquecimento dos investimentos", determina Li-Gang Liu, analista do banco ANZ. Para ele, esses investimentos são puxados principalmente pelo setor imobiliário.
"O fato de a China ter se tornado dependente do setor imobiliário e da construção para criar empregos, supõe um risco", avalia Andrew Colquhoun, analista da Fitch Ratings.
"Um freio (no crescimento) não é ruim se isso se traduzir em ajustes para um modelo mais duradouro, contanto que essa transição seja sustentada por um verdadeiro reforço do consumo", acrescenta o analista.
As autoridades chinesas estão dispostas a aceitar uma moderação controlada do crescimento, mas querem evitar a todo custo uma desaceleração brutal que desestabilizaria o emprego e agravaria o descontentamento popular, um receio recorrente entre os dirigentes do regime comunista.
"Devemos ter como prioridade estabilizar o crescimento econômico e garantir o emprego", afirmou nesta quarta-feira Sheng Laiyun, porta-voz do BNS, que mencionou o impacto positivo dos "ajustes macroeconômicos".