Agência France-Presse
postado em 16/04/2015 07:54
Jerusalém - Os israelenses interromperam suas atividades por dois minutos nesta quinta-feira (16/4) para prestar uma homenagem, em um tributo silencioso, às seis milhões de vítimas judaicas do nazismo, no Dia do Holocausto.
Às 10H00 (4H00 de Brasília), carros, o bonde de Jerusalém, ônibus e pedestres ficaram imóveis por 120 segundos para participar na homenagem coletiva.
Emissoras de rádio e canais de televisão, que exibiam desde quarta-feira (15/4) depoimentos, documentários e filmes sobre o genocídio, interromperam a programação por dois minutos.
Este ano, as cerimônias destacam o 70; aniversário da libertação dos campos de concentração e da "volta à vida" após a deportação.
Quase 190 mil pessoas que conseguiram sobreviver ao horror nazista vivem atualmente em Israel, segundo a Fundação para o Bem-Estar dos Sobreviventes da Shoah (como se conhece o Holocausto) em Israel. Apesar das ajudas governamentais, quase 25% deles vivem no limite da pobreza.
Na quarta-feira à noite, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estabeleceu, como fez em anos anteriores, um paralelo entre o Holocausto e a ameaça para a existência de Israel representada pelo Irã.
"Assim como os nazistas tentaram esmagar a civilização para fazer reinar na Terra uma raça superior, ao querer erradicar o povo judeu, o Irã também pretende assumir o controle da região, apagar e anular o povo judeu", declarou.
Israel é o maior crítico do acordo preliminar entre as grandes potências e o Irã sobre o programa nuclear de Teerã, que segundo o governo israelense tem por principal objetivo ameaçar a existência do Estado hebreu.
Durante a cerimônia em Yad Vashem, o monumento que recorda a Shoah, o presidente israelense Reuven Rivlin afirmou que é "um erro considerar que o Estado de Israel existe como compensação pelo Holocausto".
"Nós viemos de Auschwitz, não por causa de Auschwitz", afirmou.
A Universidade de Tel Aviv publicou um estudo nesta quinta-feira que mostra que os atos antissemitas violentos no mundo aumentaram quase 40% no ano passado.
Em 2014 foram registrados 766 atos antissemitas violentos contra pessoas ou instituições judaicas, contra 554 em 2013, segundo o relatório anual do Centro Kantor para o Estudo do Judaísmo Europeu Contemporâneo.
O número de ataques a mão armada contra pessoas ou instituições judaicas mais que dobrou no ano passado com 68 casos no mundo, e os ataques contra sinagogas registraram alta de 70%, segundo o estudo.
Como nos anteriores, a França, país da Europa com o maior número de judeus (quase 600.000), foi o local com mais incidentes antissemitas violentos, com 164. Mas, segundo o estudo, o Reino Unido registrou uma alta mais considerável: 141 atos violentos em 2014 contra 95 em 2013.
O estudo destaca uma tendência mundial de reforçar os planos de luta contra o antissemitismo, mas considera que "não têm nenhum efeito sobre os principais personagens do antissemitismo: a extrema-direita e a extrema-esquerda, o islamismo radical e outros grupos sem vínculo político".