Agência France-Presse
postado em 16/04/2015 15:40
O líder histórico da extrema-direita francesa Jean-Marie Le Pen, em plena crise política e familiar, foi hospitalizado por um problema cardíaco."Agora estou bem, na cama. Aproveito par descansar. É um pequeno problema cardíaco, não é gravíssimo. Este animal é forte", declarou, falando por telefone.
Indagado sobre uma data para receber alta, Le Pen respondeu que isso depende dos médicos.
Com 86 anos de idade, Le Pen cedeu as rédeas da Frente Nacional a sua filha Marine em 2011.
No último dia 13, Le Pen anunciou que desistia de disputar as próximas eleições regionais, em um gesto para tentar reduzir a crise familiar e política entre ele e sua filha.
Criticado por recentes declarações sobre o Holocausto e a imigração que contradizem a estratégia de "normalização" do partido adotada por sua filha, Jean-Marie Le Pen defendeu que sua neta, a deputada Marion Maréchal-Le Pen, de 25 anos e figura ascendente do partido, lidere a lista da FN nas eleições regionais de Provença-Alpes-Costa Azul (sudeste).
Em declarações ao jornal Le Figaro, Jean-Marie Le Pen, que se arriscava a não obter a indicação do partido para estas eleições, disse que não se apresentará, embora pense que teria sido "o melhor candidato para a Frente Nacional".
"Se devo me sacrificar pelo futuro do movimento, não serei eu quem o prejudicará", acrescentou.
No dia 2 de abril, Le Pen recebeu uma chuva de críticas do próprio partido ao repetir declarações sobre as câmaras de gás nos campos de extermínio nazistas, que chamou de "detalhe da história", uma opinião que já rendeu uma condenação judicial.
Poucos dias depois, voltou à carga em uma entrevista a uma revista de extrema-direita, na qual defendeu o marechal Philippe Pétain, líder da colaboração da França com o regime nazista, e afirmou que é necessário "salvar a Europa boreal e o mundo branco".
Ao denunciar um "suicídio político", Marine Le Pen acusou o pai de criar uma "crise sem precedentes" no partido.
Ela afirmou que o pai deveria se afastar, ao mesmo tempo em que abriu um processo disciplinar contra ele.
Fontes da FN consideraram a decisão de Jean-Marie Le Pen "digna, embora com um sofrimento evidente", mas que não impedirá o processo disciplinar.