Agência France-Presse
postado em 19/04/2015 11:17
O grupo Estado Islâmico (EI) publicou neste domingo um vídeo mostrando cerca de trinta homens, supostamente cristãos etíopes, sendo executados por jihadistas na Líbia. O vídeo, de 29 minutos, postado em sites jihadistas, mostra um grupo de pelo menos 16 homens decapitados em uma praia e um outro grupo de 12 pessoas baleadas à morte em uma área de deserto. Eles são identificados como membros da "Igreja etíope inimiga".
Em meados de fevereiro, o EI divulgou um vídeo que mostra a decapitação em uma praia de 21 homens, a maioria confissão copta egípcia, com uma produção semelhante ao vídeo divulgado neste domingo.
Leia mais notícias em Mundo
Os 12 homens, com roupas laranja, são levados para a praia antes de serem colocado no chão e decapitados com uma faca. Enquanto isso, em uma área de deserto, 16 homens vestidos de preto são mortos à queima-roupa.
Um homem vestido de preto falou em inglês, enquanto os outros algozes, um atrás de cada prisioneiro, aparecem completamente vestidos em trajes militares, e permanecem em silêncio. Todos estão mascarados.
Ele, segurando uma arma, ameaça matar os cristãos que não se converterem ao Islã.
As imagens das execuções concluem o vídeo de 29 minutos. Antes, homens apresentados como cristãos sírios aparecem explicando que os jihadistas lhes deram a opção de se converterem ao Islã ou pagar uma multa, e que eles decidiram dar dinheiro.
O vídeo, que ostenta o logotipo da EI, não especifica como ou onde as vítimas foram capturadas. Lembra a gravação que o grupo jihadista transmitiu em meados de fevereiro, em que mostrava a decapitação de 21 homens em uma praia, a maioria egípcios de confissão copta cristã.
Etiópia, atacada
É a primeira vez que o EI filma a execução de etíopes, um país da África Oriental. Quase dois terços de sua população é cristã, principalmente ortodoxos coptas, uma comunidade que diz viver no chifre da África desde o século I.
Muitos etíopes fugiram de sua terra natal em busca de trabalho, principalmente com destino à Líbia, onde havia muita mão-de-obra estrangeira antes que o país mergulhasse no caos após a queda do regime de Muammar Khadafi no final de 2011.
Os etíopes também se dirigem à Líbia para, a partir de suas costas marítimas, partirem numa perigosa viagem para a Europa, através do Mediterrâneo.
O EI controla áreas inteiras da Síria e do Iraque, onde proclamou um califado, em que multiplica assassinatos e execuções. Alguns desses atos são filmados em vídeo e transmitidos - como o deste domingo - como forma de propaganda para os jihadistas.
O grupo ultrarradical fincou raízes na Líbia se aproveitando da desordem em um país onde milícias armadas vagueiam e dois governos rivais tentam se impor. Os jihadistas controlam, entre outras áreas, a região de Sirte, uma cidade costeira a cerca de 450 quilômetros a leste da capital Trípoli.
A ONU tenta desde março mediar entre as duas potências rivais, organizando reuniões como a que ocorre neste domingo na cidade marroquina de Skhirat, perto de Rabat.
O mediador da ONU, Bernardino Leon, disse no Marrocos que as informações ainda "não confirmadas" de novas "atividades terroristas do EI" são "muito preocupantes".
O chefe da Igreja Anglicana, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, viajou para o Egito para oferecer suas condolências após a decapitação de 21 coptas em fevereiro. Foi agendado um encontro com o presidente Abdel Fattah al-Sissi, o grande imã de al-Azhar, a mais alta autoridade sunita do país, e do papa Copta Teodoro II.