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Turquia é acusada de querer esconder aniversário do genocídio armênio

Segundo a Armênia, e outros países, estas matanças custaram a vida de 1,5 milhão de armênios em uma campanha de eliminação sistemática

Agência France-Presse
postado em 19/04/2015 13:34
A decisão das autoridades turcas de adiantar em um dia a comemoração do centenário da batalha de Galípoli poderia ser, segundo seus opositores, uma tentativa de esconder o aniversário de cem anos do genocídio armênio.

A controvérsia começou em janeiro, quando o presidente turco Recep Tayyip Erdogan convidou seu homólogo armênio Serge Sarkisian, entre outros chefes de Estado e de governo, ao 100; aniversário dos combates entre as tropas do Império Otomano e os aliados dos Dardalenos.

Como já ocorreu no ano passado, as autoridades de Ancara escolheram o dia 24 de abril para a celebração, um dia antes da data do desembarque dos soldados britânicos, australianos, neozelandeses e franceses na ilha de Galípoli, no dia 25 de abril de 1915.

O convite provocou a repulsa de Sarkisian, que o recusou de imediato recordando que nesse mesmo dia, na capital armênia, Erevan, seria honrada a memória das centenas de milhares de armênios exterminados pelos otomanos a partir de 1915.

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Segundo a Armênia, e outros países, estas matanças custaram a vida de 1,5 milhão de armênios em uma campanha de eliminação sistemática similar a um genocídio. A Turquia recusa categoricamente este termo e denuncia aqueles que o utilizam.

O presidente armênio acusou claramente o dirigente islâmico-conservador turco de querer tentar uma "manipulação da história" e de "desviar a atenção do mundo das atividades sobre o centenário do genocídio". A controvérsia colocou em difícil posição várias grandes potências mundiais.

Como no caso do presidente russo Vladimir Putin dividido entre o chamado de uma antiga república soviética (Armênia) onde suas tropas ainda tem uma base, e seu desejo de satisfazer a Turquia, seu sócio em um importante projeto de gasoduto.

;Postura política;

Segundo o jornal Kommersant, o líder russo iria finalmente à Armênia, e enviaria à Turquia o presidente do parlamento, quarto personagem do Estado. Para a Turquia e a Armênia estes acontecimentos têm uma enorme importância, como atos fundadores ou suscetíveis de alimentar o orgulho nacional.

Para os turcos, a batalha de Galípoli representa uma vitória, ainda que particularmente sangrenta. Mas também supõe um acontecimento precursor da fundação da Turquia moderna. Além disso, o coronel Mustafa Kemal, que proclamaria em 1923 a República turca moderna, nascida da queda do Império otomano, participou com honras em Galípoli.

Para os armênios, o 24 de abril de 1915 corresponde ao ponto de partida das detenções e deportações massivas que custariam a vida de um milhão e meio de compatriotas.

"Tudo isso não é mais do que postura e retórica políticas" lamenta o diretor do centro de estudos regionais de Erevan, Richard Giragosian. "É uma luta obstinada e emocional na qual cada campo tenta provocar e suscitar reações exageradas", completa.

Ao se aproximar do dia D a tensão cresce. O papa Francisco, ao falar sobre o genocídio armênio, e o Parlamento da União Europeia (UE), ao pedir a Ancara que o reconheça, têm enfurecido a Turquia.

"Várias pessoas na Turquia estão convencidas de que o genocídio armênio não existiu ou que jamais foi planejado" recorda o ex-embaixador da UE em Ancara, Marc Pierini, hoje especialista na Fundação Carnegie.

O abismo entre ambos países é profundo, como ilustra a paralisia do histórico processo de normalização de relações entre Ancara e Erevan, esboçado desde 2009.

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