Agência France-Presse
postado em 20/04/2015 10:46
As primeiras divergências surgiram entre a rebelião no Iêmen, mas os huthis, acusados de manter relações com o Irã, prometeram lutar até o fim contra a "agressão selvagem" da Arábia Saudita. Nesta segunda-feira (20/4), ao menos 15 civis morreram e dezenas ficaram feridos na capital do Iêmen, Sanaa, onde dois ataques aéreos da coalizão liderada pelos sauditas para combater os rebeldes foram registrados contra um depósito de armas, causando a destruição de dezenas de casas e de um posto de combustível.
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Os dois ataques da coalizão atingiram uma base de mísseis em Fajj Attan, na saída sul da capital Sanaa, provocando enormes explosões.
A base em questão pertence à Guarda Republicana, corpo de elite do exército iemenita que se mantém fiel ao ex-presidente Ali Abdallah Saleh, que se aliou aos huthis contra o governo do atual presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, atualmente refugiado na Arábia Saudita.
No domingo (19/4), o comando militar da maior província do Iêmen anunciou o apoio de 25.000 soldados ao presidente Hadi, enquanto um partido até então aliado dos huthis declarou apoio ao apelo da ONU a um cessar-fogo. Neste contexto, em um discurso televisionado, o jovem líder da rebelião, Abdel Malek Al-Huthi, afirmou que o "povo iemenita não cederá jamais" à "agressão selvagem" da Arábia Saudita, que continua com seus ataques aéreos desde 26 de março para parar o avanço dos rebeldes no sul do país.
Abdel Malek Al-Huthi criticou violentamente Riad e rejeitou as acusações de que ser combatentes teriam recebido apoio militar do Irã. "Teerão não tem influência no Iêmen", assegurou.
O Irã reconhece que apoia os huthis, da minoria zaidi, mas nega o fornecimento de armas.
Nesta segunda, o ministro iemenita das Relações Exteriores no exílio rejeitou qualquer mediação do Iêmen no conflito e evocou a ideia de um "Plano Marshall árabe" para a reconstrução do país uma vez a situação estabilizada. "Todo esforço de mediação do Irã é inaceitável porque o Irã está envolvido no conflito no Iêmen", declarou Riad Yassin.
'Apoio à legalidade'
Os rebeldes, que conquistaram vastos territórios desde que entraram em Sanaa, em setembro de 2014, não teriam tido tal sucesso sem o apoio de tropas leais ao ex-presidente Saleh (no poder entre 1978 e 2012), lembram os especialistas.
Mas no domingo, o partido de Saleh, o Congresso Geral do Povo (GPC), deu a impressão de querer se distanciar dos huthis. Ele anunciou em um comunicado seu "apoio positivo à resolução 2216", adotada em 14 de abril pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Este texto impõe um embargo de armas contra os rebeldes e exige que se retirem de todas as áreas que conquistaram nos últimos meses.
O partido de Saleh também disse "apoiar o apelo do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a um cessar-fogo" e "retomada do diálogo sob os auspícios das Nações Unidas", a fim de uma solução política no Iêmen.
Enquanto isso, o comando da 1ª Região Militar, com sede na província de Hadramout, que compartilha uma longa fronteira com a Arábia Saudita, anunciou sua adesão ao presidente Hadi.
Em um comunicado assinado pelo general Abderrahman al-Halili, "os oficiais, sargentos e soldados" que servem nesta área "apoiam a legalidade constitucional representada pelo presidente".
Esta região militar, que inclui seis batalhões, abrange um território que se estende desde a fronteira de Omã, no leste, até a fronteira com a Arábia Saudita no norte, e inclui os campos de petróleo de Mareb e Shabwa, disse à AFP um funcionário do comando em Seyoun.
A coalizão de nove países árabes, liderados pela Arábia Saudita, continua a afirmar que a sua campanha de ataques aéreos tem produzido resultados significativos.
Sua aviação, que realizou "2.300 saídas" acima do Iêmen, possui agora "controle total do espaço aéreo", segundo o porta-voz saudita da coalizão, Ahmed Assiri. Ele estabeleceu três objetivos para o "próximo passo" da operação: "impedir os movimentos operacionais das milícias huthis, que já se tornaram lentos, proteger os civis e (facilitar) os esforços humanitários para aliviar o sofrimento dos iemenitas".