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ONU diz que Israel é responsável por ataques contra refúgios em Gaza

O comitê que investigou os ataques às escolas administradas pela Agência da ONU para os refugiados palestinos de 8 de julho a 26 de agosto do ano passado

Agência France-Presse
postado em 27/04/2015 15:03

Nações Unidas - Uma investigação das Nações Unidas, divulgada nesta segunda-feira, responsabilizou o exército israelense por sete ataques contra escolas da ONU em Gaza que eram usadas como refúgios durante a última guerra em 2014.

"Deploro o fato de que ao menos 44 palestinos morreram em consequência das ações israelenses e pelo menos 227 ficaram feridos nas instalações das Nações Unidas que eram usadas como refúgios de emergência", afirmou o secretário-geral do organismo, Ban Ki-moon, em uma carta ao Conselho de Segurança.



"É uma questão da maior gravidade que os que quiseram se proteger e buscaram e obtiveram refúgio ali viram negadas suas esperanças e sua confiança", acrescentou Ban.

O chefe da ONU prometeu "não poupar esforços para assegurar que tais fatos não se repitam jamais".O comitê que investigou os ataques às escolas administradas pela Agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) de 8 de julho a 26 de agosto do ano passado também informou sobre a descoberta de armas em três escolas.

As escolas estavam desocupadas naquele momento, mas Ban ressaltou que "o fato de que tenham sido usadas por pessoas que estavam envolvidas nos confrontos para armazenar armas e em dois casos, provavelmente para disparar a partir delas, é inaceitável".

O secretário-geral da ONU também pediu às autoridades palestinas que investiguem os fatos.Israel afirma que militantes do Hamas usaram civis como escudos humanos e as instalações da ONU para ocultar armas durante os 50 dias de confrontos.

Em resposta ao informe, o ministro israelense das Relações Exteriores disse ter iniciado uma investigação criminal contra aqueles que lançaram os ataques contra os refúgios.

"Israel faz todos os esforços possíveis para evitar danos a locais sensíveis, em contraste com grupos terroristas que estão empenhados, não só em atacar civis israelenses, mas também em usar civis palestinos e instalações da ONU como escudos para suas atividades terroristas", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon.


Provas para a CPI?

A última guerra de Gaza terminou com uma trégua patrocinada pelo Egito, depois da morte de cerca de 2.200 palestinos, a maioria civis, e 73 israelenses, a maioria soldados.

O porta-voz da ONU, Farhan Haq, negou-se a comentar se as conclusões do informe seriam levadas em conta pela Corte Penal Internacional (CPI), à qual aderiram os palestinos.

"Não é assunto nosso decidir quais casos a corte internacional deve abordar", disse.Ban afirmou que havia criado um grupo ad hoc de altos funcionários da ONU para assessorá-lo sobre futuros cursos de ação.

A comissão investigadora confirmou que funcionários da UNRWA enviaram dois comunicados diários a ministros israelenses com coordenadas precisas de GPS sobre as escolas que estavam sendo usadas como abrigos de emergência.

O informe dá detalhes específicos dos projéteis usados - tais como projéteis de tanques e morteiros altamente explosivos - e inclui explicações dos militares israelenses.

Um míssil lançado por forças israelenses em 3 de agosto de 2014, que caiu em uma escola em Rafah e matou 15 pessoas tinha como alvo três militantes da organização palestina Jihad Islâmica que se deslocaram em uma motocicleta, acrescentou o informe da ONU.

A esse respeito, o relatório cita o governo israelense: "quando ficou evidente que o disparo coincidia com a passagem da motocicleta em frente ao portão da escola, não foi mais possível desviar o míssil".

A UNRWA deu as boas-vindas às conclusões do informe e disse serem coerentes com sua própria versão dos fatos.

"O informe revelou que nos sete casos investigados, apesar das muitas notificações ao exército israelense sobre as coordenadas precisas das escolas (...) e de (aa presença de) deslocados, os disparos que atingiram diretamente nossas escolas ou caíram em regiões imediatamente próximas eram atribuíveis às forças de defesa israelenses", disse o porta-voz da UNRWA, Chris Gunness.

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