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Reduzir consumo é saída para crise hídrica, diz especialista americana

Diretora de recursos hídricos de São Francisco vem ao Brasil apresentar alternativas de sucesso para driblar a escassez de água na região

postado em 27/04/2015 17:02
Aviso de que restaurante só serve água após o pedido do cliente, em restaurante de São Francisco
Com a missão de administrar a distribuição de água em uma das cidades mais populosas dos Estados Unidos, Paula Kehoe, diretora de Recursos Hídricos da Comissão de Utilidades Públicas de São Francisco (Califórnia), veio ao Brasil para compartilhar a experiência de redução do consumo urbano de água. Depois de participar de um seminário sobre gestão e escassez de água em São Paulo, Kehoe se reúne nessa segunda-feira com membros da Agência Nacional de Águas (ANA). "É muito importante compartilhar informação e ver o que funciona ao redor do mundo", considerou. Mesmo com um histórico favorável de redução do consumo, o objetivo de Kehoe é ultrapassar as metas estabelecidas pelo governador Jerry Brown.

Diante da quarta crise hídrica na Califórnia, Brown chegou a decretar estado de emergência no ano passado e ordenou restrições obrigatórias em todo o estado pela primeira vez. Ele pretende reduzir a demanda urbana por água em 25% em todo território californiano. Kehoe explicou ao Correio que, diante do histórico decrescente de consumo em São Francisco, a cidade recebeu a missão de baixar em 8% a demanda de água. "Nós realmente acreditamos na redução do consumo. Essa é uma questão central em nossos serviços e vamos tentar ultrapassar a meta estipulada pelo governo e chegar a 10%", contou.

São Francisco já reduziu a demanda por água de 185 litros diários por pessoa para cerca de 170 litros nos últimos anos. A estratégia da administração de cidade para baixar ainda mais o consumo combina campanhas de incentivo à redução do consumo de água ; em curso desde o fim dos anos 1980 ; com a busca por novas fontes de abastecimento. A maior parte do abastecimento das 2,6 milhões de pessoas na área metropolitana de São Francisco (85%) depende do derretimento de neve no alto das montanhas do Parque Nacional de Yosemite. Apesar do alto volume de chuvas na região, no últimos meses, o acúmulo de gelo chegou a apenas 19% do esperado.

No centro da estratégia da cidade californiana estão medidas para incentivar o uso de quipamentos hidráulicos eficientes e campanhas de educação. "Não é difícil para as pessoas absorverem essas mudanças, mas acho importante que nós, como serviço, forneçamos informações e educação", explicou Kehoe. A diretora salienta que parte da estratégia de manejo de recursos hídricos deve incluir períodos de seca e São Francisco tenta contornar a situação com a perfuração de poços. "Essa água tem sido usada, principalmente, para irrigação no Golden Gate Park e no zoológico, mas é de tão boa qualidade que estamos construindo bombas para também abastecer nossos clientes na cidade", relatou. Sistemas de reciclagem de água que seria descartada como esgoto e de dessalinização também estão em curso.

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