Riade - A Arábia Saudita anunciou nesta terça-feira a detenção de 93 suspeitos, a maioria apresentados como partidários do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), e afirmou ter evitado uma série de atentados no reino.
Os suspeitos, entre eles uma mulher, foram presos entre o final de dezembro e meados de abril em várias partes do país, que faz fronteira com o Iraque, onde o EI atua ativamente, indicou o ministério do Interior saudita em um comunicado.
Os detidos, principalmente sauditas, estão em sua maioria vinculados ao EI, do qual uma de suas células foi denominada "Jund Bilad Al Harmain" ("Soldados do País das duas Mesquitas Sagradas"), segundo afirmou o ministério em um comunicado.
A célula em questão era liderada por um especialista em explosivos, e tinha como missão atacar as forças de segurança, militares e áreas residenciais.
De acordo com o porta-voz, uma segunda célula, composta por 65 membros, incluindo um palestino, um sírio e dois apátridas, planejava ataques contra áreas residenciais e "operações para fomentar a sedição sectária" na Arábia Saudita.
Este reino ultraconservador de maioria sunita, que abriga os dois principais locais santos do Islã, tem vivido uma agitação na província oriental, onde se concentra a minoria xiita que se queixa de marginalização.
Projeto de atentado
O porta-voz revelou ainda que um projeto de atentado suicida com carro-bomba estava em andamento contra a embaixada dos Estados Unidos em Riad, indicando que um saudita e dois sírios estavam envolvidos no plano.
Em março, a embaixada americana fechou por uma semana os seus serviços consulares em Riad, Jeddah (oeste) e Dhahran (leste) em razão do "aumento das preocupações com a segurança".
Um alerta também foi emitido para os ocidentais que trabalham no setor de petróleo frente ao risco de ataques ou sequestros por grupos "terroristas".
Entre os suspeitos presos estão um saudita que admitiu ter jurado lealdade a Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do EI, e nove pessoas que fizeram propaganda em favor do grupo nas redes sociais, segundo o porta-voz saudita. Uma mulher, membro dessa célula, "tentou sem sucesso atrair um militar para assassiná-lo"
Em seu comunicado, o ministério apelou à população a cooperar "para derrotar estes planos criminosos", sublinhando que "as forças de segurança vão agir com firmeza contra qualquer um que se atreva a prejudicar a segurança e a estabilidade do país".
Riad envolvido na Síria e no Iêmen
Em um anúncio separado, o ministério do Interior anunciou a prisão perto de Riad de um suspeito procurado por envolvimento em um ataque atribuído ao EI, em que dois policiais foram mortos. O principal acusado, que matou os policiais sob a ordem do EI, foi preso há cinco dias.
A Arábia Saudita é um membro da coalizão internacional que conduz ataques aéreos contra o EI no Iraque e na Síria, onde o grupo jihadista tem sido responsável por inúmeras atrocidades.
O reino petrolífero, que travou uma batalha contra a Al-Qaeda, responsável por ataques mortais entre 2003 e 2006, aumentou nos últimos meses suas declarações relativas à presença no seu solo de apoiantes do EI.
Este grupo se manifestou em março no Iêmen, onde Riad lidera uma coalizão árabe contra os rebeldes xiitas apoiados pelo Irã, seu rival regional.
Desde outubro, vários ocidentais foram alvo de ataques na Arábia Saudita. Entre eles, um dinamarquês foi ferido em novembro e as autoridades disseram ter detido três suspeitos, supostamente relacionados com EI.