Indignados com a demora do governo em repassar ajuda humanitária à população, centenas de nepaleses protestaram ontem. Estradas foram fechadas, e cerca de 200 pessoas se reuniram em frente ao parlamento para exigir a distribuição de donativos e transporte para regiões afetadas. Muitas tentam sair da capital, Katmandu, e voltar para as vilas de origem. O governo disponibilizou ônibus para levar a população a regiões afastadas. No entanto, o número de veículos não comporta todos os moradores que desejam voltar para suas casas. Estima-se que mais de 100 mil tenham conseguido deixar a cidade ; esse número pode triplicar nos próximos dias, chegando a 10% da população. Oficiais da polícia antidistúrbios foram acionados para conter os manifestantes, enquanto o governo reconhecia ter dificuldades para coordenar todos os esforços imediatos de que o país precisa.
;Elas (autoridades) afirmaram que havia 250 ônibus, mas não vimos nenhum;, reclamou Kishor Kavre, um estudante de 25 anos que esperava transporte em Katmandu. ;Temos pressa para retornar para casa e encontrar nossas famílias, mas não temos ideia de quando os ônibus estarão aqui;, prosseguiu ele, citado pela agência France-Presse. Em Sangachowk, um dos distritos mais afetados pelos tremores, localizado a três horas da capital, a população bloqueou a estrada com pneus, impedindo a passagem de caminhões carregados de arroz, macarrão, biscoitos e água. ;Caminhões carregando arroz passam e não param. A sede do distrito está recebendo toda a comida;, disse Udhav Giri, de 34 anos. Três caminhões militares foram bloqueados, o que deflagrou uma tensa discussão com soldados armados.
Desde sábado, quando um terremoto de 7,8 graus de magnitude atingiu a região, 101 réplicas com magnitude maior do que 4 graus foram sentidas no país, segundo o Centro Sismológico Nacional. Os estragos provocados pela tragédia ainda são calculados, e o número total de mortos pode chegar a 10 mil, segundo o primeiro-ministro nepalês, Sushil Koirala. Ontem, em meio ao caos, o governo admitiu problemas na resposta oficial. ;Temos fragilidades na gestão das operações de emergência;, reconheceu o ministro da Comunicação, Minendra Rijal. ;A catástrofe é tão grande e sem precedentes que não temos capacidade de responder às expectativas da população. Mas estamos preparados para reconhecer nossas fragilidades, aprender e seguir adiante, da melhor maneira possível;, completou.
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