Agência France-Presse
postado em 01/05/2015 09:57
A polícia turca dispersou com gás lacrimogêneo e jatos de água quase mil manifestantes na Praça Taksim de Istambul, em um 1; de Maio tenso no país, ao mesmo tempo que ativistas defendem ao redor do mundo os direitos trabalhistas em uma era de austeridade.
As forças de segurança provocaram o recuo dos manifestantes no distrito de Besiktas, em Istambul. Os trabalhadores foram convocados por sindicatos e partidos políticos da oposição.
O governo conservador-islâmico proibiu as manifestações na emblemática praça Taksim, centro nervoso das várias semanas de protestos contra o governo em 2013 do então primeiro-ministro e agora presidente Recep Tayyip Erdogan. As autoridades temem qualquer manifestação pública antes das eleições legislativas de 7 de junho.
As ruas do centro de Istambul estavam bloqueadas e as estações de metrô próximas da Praça Taksim estavam fechadas. O governo suspendeu o serviço de balsas entre as áreas europeia e asiática do país e os helicópteros privados foram proibidos de circular, para permitir o deslocamento dos aparelhos da polícia.
Taksim é cenário de confrontos no Dia do Trabalho desde que dezenas de pessoas morreram no 1; de Maio de 1977, um dos períodos mais conturbados da Turquia moderna.
"Em 1977 aconteceu um massacre. Simplesmente queremos estar lá para recordar o dia. Não podemos fazer de outra forma, é muito simbólico para nós", disse Umar Karatepe, líder da confederação sindical DISK.
"O presidente, este homem que usurpa todos os nossos direitos, não pode nos dizer que não podemos celebrar o 1; de Maio, é inaceitável", completou.A imprensa turca informou que 20.000 policiais foram mobilizados em Istambul, com 62 caminhões com jatos de água.
Este é o primeiro Dia do Trabalho no país desde a aprovação no Parlamento de uma polêmica lei que concede à polícia mais poderes para reprimir os protestos.
- Manifestações na Europa e na Ásia -
Em Teerã, milhares de operários saíram às ruas para exigir melhores condições de trabalho e a preferência nacional na contratação, informou a agência Ilna.Esta é a primeira vez nos últimos anos que o Irã tem uma manifestação nestas características no Dia do Trabalho.
Na Coreia do Sul, dezenas de milhares de trabalhadores participaram nas manifestações, com a ameaça de uma greve geral se o governo prosseguir com o plano de reforma do mercado de trabalho.
Na Grécia, que tem o maior índice de desemprego da Eurozona (25,7%), milhares de pessoas lotaram o centro de Atenas para protestar contra as medidas de austeridade impostas pela União Europeia desde a crise da dívida.
Na Espanha, com desemprego de 23%, os dois principais sindicatos convocaram manifestações em 80 cidades para protestar contra os cortes, o alto desemprego e a redução dos salários.Em Moscou, 140.000 trabalhadores e estudantes compareceram à Praça Vermelha, com bandeiras e balões, em um evento que lembra o período soviético.
O partido governista Rússia Unida espera 2,5 milhões de pessoas nas ruas em todo o país por ocasião do Dia do Trabalho.Em Milão, milhares de pessoas eram esperadas para protestar contra a inauguração da Expo-2015 na capital financeira da Itália.
Os críticos do projeto acusam as autoridades de gastar dinheiro público com um evento que permanecerá aberto até outubro, em um momento no qual o governo defende a austeridade, que afeta os trabalhadores.
Cuba e Venezuela
Os presidentes de Cuba e Venezuela, Raúl Castro e Nicolás Maduro, presidiram em Havana o desfile de 1; de Maio, marcado por pedidos de unidade pelo "socialismo".
Castro e Maduro saudaram milhares de pessoas durante o desfile, que durou uma hora."Unidos na construção do socialismo" foi o tema da manifestação, que aconteceu em Havana e outras províncias.