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Atacar imigrantes no Mediterrâneo não é solução, diz Cruz Vermelha

França, Reino Unido, Espanha, Lituânia e Itália elaboram um projeto de resolução que daria maior legitimidade internacional às operações europeias para controlar embarcações com migrantes

Agência France-Presse
postado em 06/05/2015 18:26
Nova York - Recorrer à força contra navios carregados de migrantes no Mediterrâneo "não é uma solução", afirmou nesta quarta-feira o presidente da Cruz Vermelha italiana, enquanto o Conselho de Segurança da ONU avalia autorizar operações europeias contra traficantes de seres humanos.

"Não sou tonto, é preciso combater os traficantes e os barqueiros", admitiu Francesco Rocca. "Mas para nós, bombardear navios não é uma solução porque os traficantes encontrarão outras rotas".

[SAIBAMAIS]

Rocca disse que o tráfico de migrantes para a Europa já passava pela Turquia e pelos Bálcãs."É preciso uma aproximação global", que combine uma solução política na Líbia para que um governo unitário possa se opor ao tráfico, com uma ação humanitária, destacou.

Rocca, que também é vice-presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha, falou à imprensa depois de se reunir com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.


Esta visita foi realizada dias antes de uma reunião, na segunda-feira, do Conselho de Segurança sobre o drama dos migrantes no Mediterrâneo, da qual participará a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

A União Europeia busca obter o aval da ONU para intervir, inclusive à força, contra redes de traficantes que atraem migrantes que arriscam a vida em busca de asilo e os fazem cruzar o Mar Mediterrâneo saindo da Líbia.

França, Reino Unido, Espanha, Lituânia e Itália elaboram um projeto de resolução que daria maior legitimidade internacional às operações europeias para controlar embarcações com migrantes, em particular em águas internacionais.

Segundo um diplomata da ONU, a resolução também permitiria realizar operações contra traficantes em terras líbias, para o que precisarão contar com o aval dos dois governos e dos dois Parlamentos que a Líbia tem atualmente.

A resolução autorizaria a UE a "tomar barcos se houver provas de que poderiam ser usados" por traficantes de personas, explicou o diplomata, minimizando as reticências da Rússia a uma intervenção do tipo na ONU, desde que não implique a destruição das embarcações.

Os europeus esperam que o texto seja aprovado no Conselho antes de 18 de maio, data em que se reunirão os ministros de Relações Exteriores da UE.Mais de 1.500 pessoas morreram este ano tentando cruzar o Mediterrâneo contra menos de uma centena no mesmo período do ano passado.

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