Mundo

Kerry discutirá com Riad pausa humanitária no conflito do Iêmen

Diversas ONGs que atuam no Iêmen ameaçam paralisar suas operações de ajuda de emergência caso as rotas terrestres, marítimas e aéreas não sejam reabertas imediatamente para permitir o fornecimento de combustível

Agência France-Presse
postado em 06/05/2015 18:49
Djibouti - O secretário americano de Estado, John Kerry, anunciou nesta quarta-feira que analisará com a Arábia Saudita a possibilidade de se estabelecer uma pausa nas operações militares no Iêmen para facilitar a chegada de ajuda humanitária.

"Estarei na Arábia Saudita esta noite. Vamos falar sobre a natureza da pausa e como pode ser colocada em andamento", declarou Kerry aos jornalistas no Djibuti, onde concluiu uma viagem pela África.

[SAIBAMAIS]

"Estamos extremamente preocupados com a situação humanitária no Iêmen (...) e estou convencido de sua disposição de realizar uma pausa", destacou Kerry sobre os sauditas.

O secretário de Estado já tratou da "pausa humanitária" com o novo chanceler saudita, Adel al Jubeir, e também com o chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, revelou um diplomata americano.



"No momento, a crise imediata é a humanitária", destacou Kerry, anunciando uma verba de 68 milhões de dólares para as organizações humanitárias presentes no Iêmen.

Diversas ONGs que atuam no Iêmen ameaçam paralisar suas operações de ajuda de emergência caso as rotas terrestres, marítimas e aéreas não sejam reabertas imediatamente para permitir o fornecimento de combustível.Na segunda-feira, Riad disse prever tréguas pontuais em certas zonas do Iêmen para permitir o envio de ajuda humanitária.

Mas os huthis, que têm conquistado vários territórios desde sua entrada em Sanaa, em setembro passado, não parecem estar dispostos a uma trégua.

Nesta quarta-feira, os rebeldes conseguiram atingir a Arábia Saudita diretamente matando cinco pessoas na cidade de Najrane, na fronteira comum, palco de tiroteios esporádicos desde o início dos ataques aéreos da coalizão, no final de março.

Os confrontos na fronteira já mataram 12 sodados e guardas sauditas e os huthis tentaram ao menos uma incursão no território da Arábia Saudita, que afirma ter matado "dezenas de rebeldes".

A Arábia Saudita lidera desde 26 de março uma coalizão de países árabes que bombardeia as posições no Iêmen dos rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã.

Ao menos 32 pessoas morreram e 67 ficaram feridas no Iêmen nesta quarta-feira em um ataque com obuses quando tentavam fugir pelo mar dos combates no bairro de Tawahi, centro de Áden, segundo uma fonte do serviço médico da cidade.

Os obuses atingiram um pequeno pesqueiro e uma barca que transportavam os civis, de acordo com a fonte, que atribuiu o ataque aos rebeldes huthis que tentam controlar o bairro de Tawahi e enfrentam os combatentes leais ao presidente Abd Rabo Mansur Hadi.

"Dezenas de civis morreram no massacre cometido pelos rebeldes huthis e os aliados do ex-presidente Ali Abdullah Saleh", disse Ali al-Ahmadi, porta-voz dos comitês de resistência popular, que respaldam Hadi, atualmente refugiado na Arábia Saudita.

Segundo testemunhas, os rebeldes intensificaram nos últimos dias os ataques contra Tawahi, sede do canal Aden TV, favorável a Hadi.

Ainda nesta quarta-feira, o general Ali Naser Hadi, que comandava as tropas leais ao presidente nas três províncias do sul do Iêmen, morreu ao ser atingido por um tiro.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação