Agência France-Presse
postado em 10/05/2015 12:03
O presidente cubano Raúl Castro agradeceu neste domingo a mediação do papa Francisco na aproximação entre Cuba e os Estados Unidos, durante visita ao Vaticano que ocorreu em clima "cordial".
"Agradeci ao Papa por seus esforços na tratativa para a normalização da relação entre Cuba e os Estados Unidos", anunciada em meados de dezembro, depois de meio século de conflito, afirmou Castro ao sair da reunião, sem dar maiores detalhes.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que a reunião ocorreu em uma "atmosfera de cordialidade e familiaridade".
O encontro durou 55 minutos e aconteceu em uma pequena sala contígua à Sala Paulo VI, onde se realizam as grandes reuniões do Vaticano.
Castro chegou pontualmente para a reunião, às 4h30 (horário de Brasília), e foi recebido pelo prefeito da Casa Pontifícia, Georg Giaenwei, que o levou ao pontífice.
Um esquadrão de dez guardas suíços com seus trajes da Renascença montavam guarda na porta e o cumprimentaram o líder cubano com o tradicional levantar de lanças.
O papa, que havia chegado alguns minutos antes de sua casa, em Santa Marta, apertou as mãos de Castro de maneira muito afável e pouco tempo depois entraram no escritório do Papa para a reunião privada.
Ambos trocaram presentes. O pontífice ofereceu-lhe uma medalha de São Martinho de Tours que, na tradição cristã, é conhecido por ter partilhado sua capa com um mendigo.
"É preciso cobrir a miséria do nosso povo e, em seguida, ajudá-la", disse Francisco ao convidado, a quem também presenteou com sua exortação apostólica "O Evangelho da Alegria", texto base do seu pontificado.
"Lá existem algumas frases que vão agradar você", porque o texto tem um lado religioso e um lado social, disse Francisco, de acordo com Lombardi.
Castro deu ao papa uma obra do artista cubano Alexis Leiva Machado, que assina como Kcho, e uma medalha de prata em comemoração ao 200; aniversário da Catedral de Havana.
O presidente foi acompanhado por uma delegação de 11 pessoas, incluindo o chanceler Bruno Rodríguez Parrilla, o vice-presidente Ricardo Cabrizas e o embaixador de Cuba junto à Santa Sé, Eduardo Delgado Bermúdez.
Após a sua reunião privada, o Papa e Castro apareceram juntos por um minuto, sorrindo, antes de se separarem.
Castro, em seguida, deixou o Vaticano em direção ao Palácio Chigi, sede da presidência do Conselho, no centro de Roma, para se encontrar com o chefe de governo, Matteo Renzi.
Encontro histórico
O encontro entre Francisco e Raul Castro foi anunciado na terça-feira e também serviu para fechar os detalhes da viagem do pontífice à ilha em setembro.
Francisco irá fazer uma escala em Cuba antes de viajar para os Estados Unidos, onde planeja visitar Nova York e falar nas Nações Unidas.
Quando Cuba e os Estados Unidos anunciaram a reaproximação em 17 de dezembro, o presidente cubano agradeceu aos esforços de Francisco como mediador.
Francisco será o terceiro papa a visitar Cuba, depois de João Paulo II em 1998 e Bento XVI em 2012.
Não é a primeira vez que Raul Castro visita Roma. Em 1997, quando ainda era ministro da Defesa, fez uma visita surpresa quando voltava de Pequim. O líder cubano, em seguida, visitou alguns lugares históricos dentro da Cidade do Vaticano.
Após a revolução cubana de 1959, a Igreja se opôs ao novo regime comunista, que reagiu expulsando centenas de religiosos e nacionalizando vários bens eclesiásticos.
Mas depois de anos de altos e baixos, o irmão de Raul e líder histórico cubano, Fidel Castro, retomou as relações com a Igreja durante visita ao Vaticano em 1996, coincidindo com a Cúpula Alimentar da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Comida).
Castro foi recebido pelo Papa João Paulo II, que dois anos mais tarde viajou para Cuba.
As viagens dos papas a Cuba marcaram mais progressos nas relações entre Cuba e o Vaticano. Em 1998, quando João Paulo II visitou a ilha, Fidel Castro restaurou o feriado de Natal, que havia sido suprimido no final dos anos 1960. Em 2012, durante a turnê de Bento XVI, o presidente Raúl Castro restaurou o feriado da Semana Santa.
E, como parte do diálogo iniciado em 2010 pelo cardeal Jaime Ortega e o presidente Castro, o governo autorizou a construção de novas igrejas católicas. Em 2013, ele também começou a devolver para a Igreja várias propriedades nacionalizadas em 1960.
"Agradeci ao Papa por seus esforços na tratativa para a normalização da relação entre Cuba e os Estados Unidos", anunciada em meados de dezembro, depois de meio século de conflito, afirmou Castro ao sair da reunião, sem dar maiores detalhes.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que a reunião ocorreu em uma "atmosfera de cordialidade e familiaridade".
O encontro durou 55 minutos e aconteceu em uma pequena sala contígua à Sala Paulo VI, onde se realizam as grandes reuniões do Vaticano.
Castro chegou pontualmente para a reunião, às 4h30 (horário de Brasília), e foi recebido pelo prefeito da Casa Pontifícia, Georg Giaenwei, que o levou ao pontífice.
Um esquadrão de dez guardas suíços com seus trajes da Renascença montavam guarda na porta e o cumprimentaram o líder cubano com o tradicional levantar de lanças.
O papa, que havia chegado alguns minutos antes de sua casa, em Santa Marta, apertou as mãos de Castro de maneira muito afável e pouco tempo depois entraram no escritório do Papa para a reunião privada.
Ambos trocaram presentes. O pontífice ofereceu-lhe uma medalha de São Martinho de Tours que, na tradição cristã, é conhecido por ter partilhado sua capa com um mendigo.
"É preciso cobrir a miséria do nosso povo e, em seguida, ajudá-la", disse Francisco ao convidado, a quem também presenteou com sua exortação apostólica "O Evangelho da Alegria", texto base do seu pontificado.
"Lá existem algumas frases que vão agradar você", porque o texto tem um lado religioso e um lado social, disse Francisco, de acordo com Lombardi.
Castro deu ao papa uma obra do artista cubano Alexis Leiva Machado, que assina como Kcho, e uma medalha de prata em comemoração ao 200; aniversário da Catedral de Havana.
O presidente foi acompanhado por uma delegação de 11 pessoas, incluindo o chanceler Bruno Rodríguez Parrilla, o vice-presidente Ricardo Cabrizas e o embaixador de Cuba junto à Santa Sé, Eduardo Delgado Bermúdez.
Após a sua reunião privada, o Papa e Castro apareceram juntos por um minuto, sorrindo, antes de se separarem.
Castro, em seguida, deixou o Vaticano em direção ao Palácio Chigi, sede da presidência do Conselho, no centro de Roma, para se encontrar com o chefe de governo, Matteo Renzi.
Encontro histórico
O encontro entre Francisco e Raul Castro foi anunciado na terça-feira e também serviu para fechar os detalhes da viagem do pontífice à ilha em setembro.
Francisco irá fazer uma escala em Cuba antes de viajar para os Estados Unidos, onde planeja visitar Nova York e falar nas Nações Unidas.
Quando Cuba e os Estados Unidos anunciaram a reaproximação em 17 de dezembro, o presidente cubano agradeceu aos esforços de Francisco como mediador.
Francisco será o terceiro papa a visitar Cuba, depois de João Paulo II em 1998 e Bento XVI em 2012.
Não é a primeira vez que Raul Castro visita Roma. Em 1997, quando ainda era ministro da Defesa, fez uma visita surpresa quando voltava de Pequim. O líder cubano, em seguida, visitou alguns lugares históricos dentro da Cidade do Vaticano.
Após a revolução cubana de 1959, a Igreja se opôs ao novo regime comunista, que reagiu expulsando centenas de religiosos e nacionalizando vários bens eclesiásticos.
Mas depois de anos de altos e baixos, o irmão de Raul e líder histórico cubano, Fidel Castro, retomou as relações com a Igreja durante visita ao Vaticano em 1996, coincidindo com a Cúpula Alimentar da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Comida).
Castro foi recebido pelo Papa João Paulo II, que dois anos mais tarde viajou para Cuba.
As viagens dos papas a Cuba marcaram mais progressos nas relações entre Cuba e o Vaticano. Em 1998, quando João Paulo II visitou a ilha, Fidel Castro restaurou o feriado de Natal, que havia sido suprimido no final dos anos 1960. Em 2012, durante a turnê de Bento XVI, o presidente Raúl Castro restaurou o feriado da Semana Santa.
E, como parte do diálogo iniciado em 2010 pelo cardeal Jaime Ortega e o presidente Castro, o governo autorizou a construção de novas igrejas católicas. Em 2013, ele também começou a devolver para a Igreja várias propriedades nacionalizadas em 1960.