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Iêmen se aproxima de cessar-fogo após semanas de bombardeios

Os militares iemenitas aliados aos rebeldes huthis xiitas já tinham concordado com a trégua humanitária proposta pela Arábia Saudita

Agência France-Presse
postado em 10/05/2015 12:45
O Iêmen se aproximou neste domingo de um cessar-fogo após a reação positiva dos rebeldes huthis e seus aliados a uma proposta de trégua da Arábia Saudita para colocar um termo às sucessivas semanas de combates e bombardeios.

O bureau político dos rebeldes disse que estava "pronto a reagir positivamente a todos os esforços, recursos ou ações que contribuam para o fim do sofrimento" da população do Iêmen, em uma clara referência a essa proposta.

Os militares iemenitas aliados aos rebeldes huthis xiitas já tinham concordado no domingo com a trégua humanitária proposta pela Arábia Saudita.

"Anunciamos que aceitamos a trégua humanitária", disse o coronel Sharaf Luqman, porta-voz dos militares desertores que ajudaram os rebeldes a tomar grande parte do país.

A trégua foi proposta na sexta-feira pela Arábia Saudita, que durante seis semanas liderou uma campanha de bombardeio aéreo para evitar que os huthis, apoiados pelo Irã, ganhem o controle de todo o país.

Os soldados que permanecem leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh após sua expulsão do poder em 2012 têm desempenhado um papel fundamental na conquista, a partir de setembro de 2014, de grandes áreas do país por huthis rebeldes xiitas, oriundos do norte.

Os huthis entraram na capital Sanaa em setembro de 2014, provocando o exílio do presidente Abd Rabbo Hadi Mannsour em 26 de março. A partir dessa data a Arábia Saudita começou o bombardeio de seu vizinho pobre da Península Arábica.

Horas antes dos militares aliados aos huthis aceitassem a trégua, um ataque aéreo pela coalizão árabe atingiu a residência de Saleh na capital Sanaa, embora o ex-presidente provavelmente não estivesse no local.

Saleh renunciou em fevereiro de 2012, após um ano de protestos contra suas três décadas no poder. Ele agora é acusado de apoiar rebeldes xiitas huthis.

O partido do ex-presidente, o Congresso Geral do Povo (GPC), comemorou no sábado a oferta de trégua e disse esperar reduzir o "impacto da ofensiva [da coalizão árabe] sobre o povo iemenita, que enfrenta um sofrimento incomparável pelo bloqueio inédito".


Ataque a um reduto rebelde

No final de semana a coalizão bombardeou Saada, um importante reduto rebelde no norte do Iêmen, que faz fronteira com a Arábia Saudita, após ter pedido aos civis que abandonassem a cidade, considerada alvo militar. Centenas de pessoas fugiram da localidade na sexta-feira, segundo testemunhas.

No sábado, dois foguetes caíram na principal pista do aeroporto da capital Sanaa, em mãos dos rebeldes huthis, disseram testemunhas.

As Nações Unidas e as organizações humanitárias têm frequentemente criticado o bombardeio da coalizão contra o aeroporto, um meio "vital", segundo eles, para o transporte de ajuda no país, que passa por uma escassez de alimentos, combustível e medicamentos.

ONGs e as Nações Unidas consideram a situação humanitária no Iêmen "catastrófica", no âmbito de um bloqueio aéreo e marítimo da coalizão árabe.

Para o Unicef, se o combustível e os alimentos continuarem a escassear, a desnutrição aguda ameaçará diretamente mais de 120 mil crianças nos próximos três meses, além dos 160 mil menores que já sofrem deste tipo de desnutrição.

A guerra no Iêmen já deixou mais de 1.400 mortos e cerca de 6.000 feridos, a maioria civis, segundo a ONU.

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