Agência France-Presse
postado em 11/05/2015 17:26
Paris - O líder histórico da ultra-direita francesa, Jean-Marie Le Pen, anunciou nesta segunda-feira que quer criar sua própria formação política, uma semana depois de ter sido suspenso da Frente Nacional, partido que criou e dirigiu durante quatro décadas."Não vou criar outro partido. Vou criar uma formação que não seja concorrente da FN", disse Jean-Marie Le Pen à emissora privada Radio Courtoisie.
Esta formação será "um paraquedas contra o desastre", acrescentou Le Pen, desejoso de "pesar para restabelecer a linha" histórica no âmbito da FN, dirigida desde 2011 por sua filha, Marine, com quem Jean-Marie Le Pen vive um conflito aberto.
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"Acredito que é preciso restabelecer no movimento uma verdadeira democracia", acrescentou o ex-líder de 86 anos.Em 5 de maio passado, o partido de extrema direita suspendeu da militância seu líder histórico, devido às suas recentes declarações polêmicas sobre o Holocausto e a imigração, muito incômodas para a linha defendida por sua filha, Marine.
Em abril, ele declarou à revista Rivarol que as câmaras de gás foram um detalhe da Segunda Guerra Mundial. Jean-Marie Le Pen já fez várias vezes este comentário ao longo de sua carreira política, o que lhe rendeu condenações judiciais.
Na ocasião, o comentário provocou uma resposta agressiva de Marine, que já anos se queixa de que seu pai ataca sua estratégia de desdemonização do partido.
Desde que assumiu a presidência do partido, Marine Le Pen se esforça em dar uma imagem mais moderada à FN e se empenha especialmente em se distanciar de qualquer suspeita de antissemitismo, uma antiga marca deste partido de ultradireita.
Após suspender Jean-Marie Le Pen, a Frente Nacional tem previsto organizar em breve uma assembleia geral extraordinária para retirar dele a presidência honorária, que continua exercendo.
Apesar dos sucessos eleitorais da FN, que foi o partido mais votado da França nas eleições europeias de maio de 2014, o patriarca do partido critica a estratégia da filha e acredita que ela está sob influência do número dois, Florian Philippot.
"Não quero que a FN se transforme como movimento de (Gianfranco) Fini (na Itália), uma ala direita da maioria, para que então Philippot e outros se tornem ministros", acrescentou Jean-Marie Le Pen à Radio Courtoisie.
Le Pen, que na semana passada chegou a pedir que sua filha deixasse de usar seu sobrenome, se referiu a ela em um tom muito diferente nesta segunda-feira, chegando até a elogiá-la.
"Marine Le Pen tem grande valor", disse."É alguém de qualidade, que suporta umas responsabilidades angustiantes", acrescentou. O "problema", segundo ele, é que "a deixaram um pouco sozinha ante seus colaboradores".