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Cuba saúda nova 'liderança' da França em negociações com União Europeia

O bloco dos 28 e a ilha comunista buscam assinar um acordo de diálogo político e cooperação até o fim do ano, uma meta que o chanceler cubano considera factível

Agência France-Presse
postado em 14/05/2015 14:40
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, saudou a nova "liderança" da França na aproximação entre Cuba e União Europeia (UE) depois da visita do presidente François Hollande à ilha.

A visita que Hollande encerrou na terça-feira foi "muito oportuna e muito proveitosa, (...), evidencia os vínculos muito positivos, o enorme potencial ainda a ser desenvolvido que existe entre França e Cuba", afirmou o ministro na entrevista, realizada na tarde de quarta-feira.

[SAIBAMAIS]

"Quero agradecer a liderança da França nos progressos que estão ocorrendo na relação entre UE e Cuba", acrescentou Rodríguez durante esta entrevista exclusiva.


Embora o ministro não tenha mencionado, até agora considerava-se que a liderança europeia nas relações com Cuba estava sendo exercida pela Espanha.

Havana e Bruxelas estão em negociações para normalizar seus laços e deixar para trás uma série de divergências sobre direitos humanos, num momento em que Cuba tenta fazer o mesmo com os Estados Unidos.

O bloco dos 28 e a ilha comunista buscam assinar um acordo de diálogo político e cooperação até o fim do ano, uma meta que o chanceler cubano considera factível.


"Progresso considerável com Hollande"

Sobre os laços franco-cubanos, o ministro destacou que a chegada ao poder do presidente socialista francês permitiu uma evolução favorável das relações bilaterais, o que começou a ser perceptível com a visita à ilha do chanceler francês Laurent Fabius, em abril de 2014.

"Devo reconhecer que durante o governo do presidente Hollande ocorreu um progresso considerável e que o fato de ter sido ele quem realizou a primeira visita de um chefe de Estado francês a Cuba foi algo muito simbólico", expressou.

Pessoalmente, Rodríguez comemorou porque "Cuba é encarada com uma enorme simpatia internacionalmente" no âmbito da normalização das relações com Bruxelas e Washington.

Um fato que considerou encorajador, sobretudo porque "alguns críticos da realidade cubana (...) hoje têm uma melhor compreensão de que a única maneira de tratar Cuba é com profundo respeito e em condições de igualdade absoluta".

Nomeado para chefiar a diplomacia cubana em 2009, Rodríguez também é membro do Conselho de Estado e do Escritório Político do Partido Comunista de Cuba (único), os dois seletos círculos de poder na ilha.


"Uma nação pequena, mas soberana"

Sobre as relações entre Cuba e Estados Unidos, Rodríguez considerou que "foram alcançados progressos notáveis na criação de um ambiente favorável para tornar reais os anúncios" históricos sobre o degelo que os presidentes Barack Obama e Raúl Castro fizeram em 17 de dezembro.

Segundo ele, a aproximação com o velho inimigo da Guerra Fria foi "desejada e buscada pelo Estado cubano durante décadas".

Os Estados Unidos devem entender que "Cuba é uma nação pequena e próxima, mas soberana e independente com a qual devem lidar sobre as bases de igualdade e respeito", afirmou o chanceler.

O ministro também anunciou uma nova reunião entre os dois países nas próximas semanas visando o restabelecimento de laços diplomáticos, rompidos em 1961.

"Espero que seja alcançado um progresso suficiente para tomar a decisão de, num prazo muito curto, restabelecer as relações diplomáticas e reabrir embaixadas", indicou.

Na terça-feira, Raúl Castro destacou que no dia 29 de maio será eliminado o principal obstáculo para a designação de embaixadores: a retirada de Cuba da lista americana de países que apoiam o terrorismo, ao serem completados os 45 dias de prazo para que o Congresso americano se pronuncie sobre esta decisão de Obama.

Embora o restabelecimento de laços diplomáticos pareça iminente, Rodríguez destacou que fica pendente "um processo mais complexo e contraditório" antes da plena normalização de relações, que envolve temas como o embargo econômico imposto a Cuba em 1962 e o status da base naval de Guantánamo.

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