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Embaixador da ONU no Iêmen pede respeito à frágil trégua no país

As forças militares árabes lideradas pela Arábia Saudita acusaram os rebeldes huthis de violar o cessar-fogo nesta quinta-feira, mas destacaram que seguirão respeitando a trégua humanitária de cinco dias

Agência France-Presse
postado em 14/05/2015 15:06
Sana - O emissário da ONU no Iêmen convocou nesta quinta-feira as partes em conflito a respeitar a frágil trégua no país, enquanto o governo chamou para consultas seu encarregado de negócios em Teerã.[SAIBAMAIS]

As forças militares árabes lideradas pela Arábia Saudita acusaram os rebeldes huthis de violar o cessar-fogo nesta quinta-feira, mas destacaram que seguirão respeitando a trégua humanitária de cinco dias.

A trégua entrou em vigor na terça-feira à noite por iniciativa da Arábia Saudita, que lidera desde 26 de março uma campanha aérea contra os rebeldes xiitas que ameaçavam tomar o controle da totalidade do Iêmen, fronteiriço com o reino.

[SAIBAMAIS]

Ao menos 1.578 pessoas morreram e 6.504 ficaram feridas desde o início dos bombardeios, segundo um balanço divulgado na quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O novo enviado especial da ONU, Ismail Ould Cheik Ahmed, em sua primeira visita a Sanaa desde sua nomeação, em abril, declarou estar "muito inquieto com as violações da trégua humanitária".


Ahmed convocou todos os protagonistas a "respeitarem estritamente a cessação das operações militares durante o período combinado de cinco dias para fornecer a ajuda humanitária, tão necessária".

Ele indicou que havia se reunido em Sanaa com autoridades de partidos políticos e representantes da sociedade civil para encorajar um "retorno ao diálogo entre os iemenitas".


Chamado para consultas


Os bombardeios provocaram tensão entre o reino da Arábia Saudita, reduto do wahabismo, uma doutrina sunita puritana baseada em uma interpretação literal do Alcorão, e a República Islâmica do Irã, onde os xiitas são majoritários.

O governo iemenita no exílio afirmou nesta quinta-feira que havia chamado para consultas seu diplomata de mais alto escalão no Irã, acusando este país de "interferir em nossos assuntos e apoiar os huthis".

O Irã, acusado pela Arábia Saudita de armar os rebeldes, havia anunciado que enviaria um barco com ajuda ao Iêmen, o que provocou advertências do governo.

Em um comunicado transmitido pela agência de notícias saudita, a coalizão afirmou que os rebeldes haviam violado a trégua em 12 ocasiões e que utilizaram artilharia de foguetes em ataques contra vários povoados no sul.

Apesar das supostas violações, a coalizão afirmou "seu compromisso pleno com a trégua humanitária e a moderação".

Os moradores afirmaram que nesta quinta-feira a calma reinou na maior parte do país, exceto nas cidades de Taez, Daleh e Marib, onde foram reportados tiroteios entre os rebeldes e os combatentes partidários do presidente iemenita Abd Rabo Mansur Hadi, exilado na Arábia Saudita.

Os Estados Unidos afirmaram que, embora a trégua esteja sendo amplamente respeitada, o governo recebeu informações de confrontos que ocorreram depois que o cessar-fogo entrou em vigor.

Os huthis, aliados de militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, assumiram o controle de muitos territórios do Iêmen, incluindo a capital, Sanaa, e estavam avançando em direção a Áden, no sul, quando Riad iniciou sua campanha aérea.


Aeroporto de Sanaa aberto

Um oficial de aviação disse que o aeroporto de Sanaa, um alvo recorrente dos bombardeios aéreos, estava voltando a operar gradualmente após o pouso de um avião procedente da Jordânia com 150 passageiros a bordo.

Em mensagens de texto enviadas aos moradores, a autoridade da aviação civil do Iêmen anunciou que "dois voos do Médicos Sem Fronteiras (MSF) e das Nações Unidas chegarão hoje (quinta-feira) a Sanaa".

Dominque Burgeon, especialista em situações de emergência na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), disse que a situação no Iêmen é catastrófica porque falta tudo.

A agência do governo Sabanew.net, citando Nadia Sakkaf, ministra da Informação do Iêmen, informou que sete navios com alimentos, ajuda médica e combustível atracaram em portos iemenitas.

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