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Novo governo do premiê israelense enfrenta pressão internacional

O próprio Netanyahu prometeu durante sua campanha que continuará com a colonização dos territórios palestinos ocupados por Israel e enterrou a ideia de um Estado palestino, retratando-se pouco depois

Agência France-Presse
postado em 15/05/2015 15:34
Jerusalém - O novo governo de Benjamin Netanyahu, um dos mais à direita da história de Israel, enfrentará imediatamente a pressão de americanos, europeus e palestinos, cada vez mais frustrados com a falta de progresso nas negociações de paz.

Netanyahu conquistou na quinta-feira, por uma margem estreita, a confiança do Parlamento israelense para formar um governo.Durante o primeiro conselho de ministros, Netanyahu fez declarações vagas para não alarmar as capitais estrangeiras. "Continuaremos promovendo uma solução diplomática, enquanto preservamos os interesses vitais e a segurança dos cidadãos de Israel", declarou.

Ao mesmo tempo, o presidente americano, Barack Obama, disse que "uma solução de dois Estados" e, por tanto, a criação de um Estado palestino em coexistência com Israel, era "absolutamente crucial".



O novo governo israelense está firmemente ancorado à direita do espectro político. Muitos de seus ministros se opõem à criação de um Estado palestino, elemento central em praticamente qualquer plano de resolução do conflito.

Além disso, a maioria apoia a política de assentamentos nos territórios palestinos ocupados, uma política ilegal aos olhos da comunidade internacional e considerada um dos maiores obstáculos para a paz.

O jornal Jerusalem Post imaginava o conteúdo das mensagens enviadas pelos diplomatas estrangeiros em Israel sobre a política de um "governo da direita dura". Dizia que, embora Netanyahu tenha reservado o posto de ministro das Relações Exteriores para si mesmo, a diplomacia será conduzida no dia a dia pela ministra adjunta Tzipi Hotovely, "partidária da solução de apenas um Estado (o israelense), que pensa que os judeus devem ter o direito de rezar no Monte do Templo (a Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar santo do Islã) e que mantém uma relação próxima com os colonos".


Frustração internacional

O próprio Netanyahu prometeu durante sua campanha que continuará com a colonização dos territórios palestinos ocupados por Israel e enterrou a ideia de um Estado palestino, retratando-se pouco depois.

Mas para os palestinos e muitos diplomatas, as declarações de campanha só confirmaram o fato de que Netanyahu nunca quis um Estado palestino.

Após anos de frustração por parte da comunidade internacional e o fracasso de uma enésima tentativa de paz em 2014, Washington enfrentou Netanyahu, dando a entender que pode repensar seu histórico apoio a Israel nas instituições internacionais se o governo israelense não modificar sua postura.


Inclusive no futebol


Os palestinos pretendem continuar com sua ofensiva diplomática e judicial contra um governo "de guerra" ante os organismos internacionais, principalmente perante o Tribunal Penal Internacional, que cogita a possibilidade de investigar o governo israelense por crimes de guerra em Gaza no verão de 2014.

Esta guerra deixou cerca de 2.200 mortos do lado palestino, principalmente civis, e 73 do lado israelense, em sua maioria militares, e fez com que 100.000 moradores de Gaza perdessem suas casas.

A União Europeia também estuda suas opções. Vários Estados membros pediram a retomada da rotulagem de produtos procedentes das colônias israelenses, enquanto Israel já enfrenta iniciativas de boicote não governamentais em todo o mundo.

Israel precisa se defender inclusive no âmbito do futebol. O presidente da federação internacional do esporte (Fifa), Joseph Blatter, deve viajar à região para se reunir com Netanyahu e com o presidente palestino, Mahmud Abbas, antes de um congresso no dia 29 de maio no qual os palestinos poderão exigir a suspensão da federação israelense.

O tempo de vida do novo governo israelense é incerto, já que tem uma maioria muito precária. Netanyahu também deixou a porta aberta a uma ampliação de sua coalizão, mas o líder da oposição, o trabalhista Isaac Herzog, em alusão ao atual governo, declarou que se nega a se unir a "este circo".

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