Mundo

Milícias iraquianas seguem para Ramadi para lutar contra os jihadistas

Nesta segunda, Departamento de Defesa americano admitiu que a queda de Ramadi é um "revés", mas garantiu que o governo iraquiano apoiado por fogo aéreo americano recuperará esta cidade do oeste do país

Agência France-Presse
postado em 18/05/2015 15:01
Bagdá - O exército iraquiano tentava nesta segunda-feira preparar com as milícias xiitas um contra-ataque para recuperar a cidade de Ramadi, que o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) conseguiu controlar no fim de semana.

A perda da cidade, 100 km a oeste de Bagdá, é a maior derrota militar do exército iraquiano desde o início da ofensiva, no começo do ano, para impedir o avanço dos jihadistas. No domingo, as tropas desertaram de suas posições em Ramadi, após o avanço dos jihadistas.

Nesta segunda, Departamento de Defesa americano admitiu que a queda de Ramadi é um "revés", mas garantiu que o governo iraquiano apoiado por fogo aéreo americano recuperará esta cidade do oeste do país.


"Reiteramos que iriam ocorrer avanços e contratempos. Este é um combate sangrento, complexo e difícil e serão registradas vitórias e revezes, e este é um revés", disse o porta-voz do Pentágono, coronel Steven Warren, aos jornalistas, acrescentando: "recuperaremos Ramadi".

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, o governo dos Estados Unidos e as autoridades religiosas sunitas da província de Al-Anbar, de onde Ramadi é a capital, expressam dúvidas sobre a presença na região de grupos xiitas apoiados pelo Irã, por medo de alienar a população majoritariamente sunita da região.

Até o momento, Bagdá e Washington optaram por favorecer o desenvolvimento de forças locais, mas os líderes das milícias afirmaram nesta segunda-feira que ficou claro nos últimos dias que o governo não pode prescindir das Unidades Populares de Mobilização, que reúnem milícias e voluntários.

Hadi al-Ameri, comandante da poderosa milícia xiita Badr, disse que as autoridades de Al-Anbar deveriam ter aceitado sua oferta antes. Ameri afirmou que considera as autoridades "responsáveis pela queda de Ramadi porque foram contrárias à participação" das Unidades Populares de Mobilização.


Ataques da coalizão


Um porta-voz do Ketab Hezbollah, um importante grupo paramilitar xiita, afirmou que a organização já tem unidades preparadas para viajar até Ramadi, a partir de três localidades.

"Amanhã, se Deus quiser, reforços chegarão em Ramadi e o início da operação de limpeza da zona conquistada pelo Daesh (acrônimo em árabe para EI) será anunciado", declarou Jaafar al-Husseini, porta-voz do Kata;b Hezbollah.

Ameri já se encontrava nesta segunda-feira em Habbaniyah para coordenar as operações militares. Com um grande número de combatentes e experiência, uma contra-ofensiva contra o EI parece ser possível antes do grupo fortificar suas posições.

As Unidades de mobilização populares tiveram um papel crucial na retomada em 31 de março pelo exército da cidade de Tikrit, ao norte de Bagdá, mas os analistas sempre alertaram que a província de Al-Anbar seria um desafio mais difícil.O EI anunciou que assumiu o controle total da cidade iraquiana de Ramadi, em um comunicado divulgado em fóruns na internet.

O grupo utilizou vários carros-bomba para entrar em bairros controlados pelo governo na quinta-feira e sexta-feira.A bandeira do grupo foi hasteada no centro de operações da província de Al-Anbar e milhares de pessoas fugiram da cidade.

De acordo com as autoridades locais, quase 500 pessoas morreram nos três dias de cerco.Para o Pentágono, "se Ramadi caiu, isso significa apenas que a coalizão deverá apoiar as forças iraquianas durante a reconquista".

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos anunciou ter lançado nas últimas 48 horas 15 ataques contra posições do EI na região de Ramadi.

O EI postou nesta segunda um vídeo que mostra as celebrações da conquista de Ramadi em Mossul, a segunda maior cidade tomada em junho de 2014 pelos jihadistas.

O grupo extremista sunita, com dezenas de milhares de homens, ocuparam amplas faixas de território no Iraque e na Síria, onde proclamou um "califado".

No centro da Síria, um país em guerra há mais de quatro anos, o EI tomou dois campos de gás perto da cidade estratégica de Palmira, onde pelo menos cinco civis, incluindo duas crianças, foram mortos por morteiros, informou uma ONG.

Os jihadistas estão concentrados ao redor da cidade e a um quilômetro das ruínas desta cidade classificada Patrimônio Mundial da Humanidade.

Nos arredores de Palmira, violentos combates continuavam entre as tropas do regime e o EI, que tenta capturar esta cidade de mais de 2.000 anos na província de Homs, na fronteira com o Iraque.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação