Mundo

Deslizamento de terra deixa 52 mortos no noroeste da Colômbia

As autoridades temem que o número de mortos aumente, pois a região, declarada zona de calamidade pública, está inundada e coberta de barro e escombros

Agência France-Presse
postado em 18/05/2015 20:10
Um deslizamento de terra deixou 52 mortos e 37 feridos no município colombiano de Salgar, Antioquia, onde autoridades e socorristas faziam trabalhos de busca e resgate de desaparecidos e ajuda aos afetados.

"São cinquenta e duas as pessoas falecidas e 37 feridas após o deslizamento da quebrada (n.r: declive) La Liboriana", informou em seu último boletim a estatal Unidade Nacional para a Gestão do Risco de Desastres (UNGRD), que chefia os trabalhos de busca e resgate dos desaparecidos e ajuda aos afetados.

O deslizamento de pedras, troncos e barro, ocorrido por volta das três da madrugada, aconteceu após as fortes chuvas que atingiram a região nas últimas horas, que provocaram uma cheia em barrancos na parte alta do município, de topografia montanhosa.

As autoridades, que em seu boletim inicial tinha reportado 30 famílias afetadas e 31 casas danificadas, temem que o número de mortos aumente, pois a região, declarada zona de calamidade pública, está inundada e coberta de barro e escombros.

"Ninguém vai trazer os mortos de volta, isto é algo que lamentamos profundamente, acompanhamos as famílias. Mas temos que sair deste desastre e olhar para frente com coragem e fortaleza", disse o presidente Juan Manuel Santos, em declarações em Salgar, onde se reuniu com autoridades locais depois de sobrevoar a região.

O presidente anunciou o pagamento de uma indenização de 16 milhões de pesos (US$ 7 mil) a cada família afetada e prometeu obras de mitigação de risco para evitar catástrofes similares no futuro.

"Há várias crianças que ficaram sem os pais, que ficaram sozinhas. O ICBF (Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar) já chegou para ajudar estas crianças", destacou.

Salgar, um município de 400 km2 cercado por múltiplos cursos de água, está localizado 100 km a sudoeste de Medellin. A população total do município chega a 17.600 pessoas, segundo os últimos dados oficiais disponíveis.

A área afetada, onde eram vistos vizinhos retirando com pás o barro no interior de suas casas e recuperando os poucos pertences que se salvaram, assim como escavadeiras removendo a lama, está com os serviços de abastecimento de água potável, energia e gás interrompidos após a catástrofe.

Segundo a UNGRD, 166 socorristas estão trabalhando no local.

Foram enviados socorristas, cães treinados, kits de ajuda humanitária e água potável, informou à AFP Ana Carolina Gutiérrez, porta-voz da Cruz Vermelha, que abriu uma operação de colega de alimentos e cobertores de Medellin.


Terra arrasada


Segundo autoridades locais, a enxurrada surpreendeu os vizinhos dormindo e devastou o povoado, especialmente na periferia.

"Trouxe abaixo tudo o que quis", contou à rádio RCN a prefeita do município de Salgar, Olga Osorio.

O povoado de La Margarita, atravessado pela La Laboriana, praticamente "ficou apagado do mapa", acrescentou.

La Margarita, um dos quatro povoados de Salgar, ficou isolado após os graves danos sofridos na via de acesso e em uma ponte, devido ao transbordamento das águas, informaram meios de comunicação locais.

O ex-presidente Alvaro Uribe (2002-2010), atual senador e líder político com forte popularidade no país, viajou para Salgar.

"Encontrei uma senhora com um bebê de três dias, seu neto. Os pais da criança estão desaparecidos (...) É muito doloroso o que temos visto", declarou à RCN o ex-presidente, que nasceu em Medellin, capital de Antioquia, mas foi criado em um sítio desta região.

Mensagens de apoio e solidariedade se sucederam no Twitter, onde a hashtag #FuerzaSalgar virou "trending topic" no país.

As enxurradas e os deslizamentos, provocados por fortes chuvas, são comuns na Colômbia, vulnerável a desastres naturais devido à sua localização e geografia.

Em 2010-2011, o país sofreu uma temporada chuvosa acentuada pelo fenômeno La Niña, que provocou inundações, avalanches e remoções maciças. Segundo cifras oficiais, a catástrofe, que afetou o norte e parte do centro e do sul do país, deixou 1.374 mortos, 2.350.024 afetados, 109.760 casas destruídas e 458.022 casas avariadas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação