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Governo do Iêmen condiciona diálogo em Genebra a retirada de rebeldes

O anúncio foi feito após a intensificação dos ataques aéreos no Iêmen por parte da coalizão liderada pela Arábia Saudita, três dias depois da expiração de uma trégua humanitária

Agência France-Presse
postado em 20/05/2015 13:48
Sana - A ONU convocou nesta quarta-feira para o dia 28 de maio negociações de paz sobre o Iêmen em Genebra, um encontro que o governo iemenita condicionou a uma retirada prévia dos rebeldes xiitas dos territórios conquistados.

O anúncio foi feito após a intensificação dos ataques aéreos no Iêmen por parte da coalizão liderada pela Arábia Saudita, três dias depois da expiração de uma trégua humanitária.

A reunião de Genebra deve permitir "restaurar a dinâmica de um processo de transição política sob a égide dos iemenitas", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Segundo um porta-voz, Ban espera que as negociações "ajudem a relançar o processo político no Iêmen, reduzir o nível de violência e aliviar o fardo humanitário, que se tornou insuportável".



No entanto, para participar em tais negociações o governo iemenita no exílio exige que os rebeldes se retirem das regiões conquistadas, afirmou o ministro das Relações Exteriores.

"Não iremos a Genebra, a menos que haja uma evolução no terreno", declarou Riyadh Yassin.O embaixador na ONU, Khaled Alyemany, indicou que a reunião de Genebra deve durar três dias. Trata-se de "convencer os huthis de renunciar àquilo que estão fazendo e de fazer parte de uma solução", ressaltou.

O embaixador rejeitou a ideia de suspender os ataques da coalizão durante as negociações, considerando que os huthis devem primeiro "parar suas operações e compreender que os iemenitas não aceitam a força".

Ele também rejeitou categoricamente uma eventual participação do ex-presidente Ali Abdullah Saleh nas discussões de genebra. Saleh "não faz parte da equação".

Na ONU, os embaixadores dos 15 países do Conselho de Segurança participam nesta quarta de uma reunião sobre o Iêmen.Os huthis, que não anunciaram sua posição, exigem uma retomada "no Iêmen" do diálogo de paz, interrompido pelo lançamento em 26 de março da ofensiva da coalizão.

A coalizão não renovou a trégua finalizada no fim de semana depois de acusar os rebeldes, apoiados pelo Irã, de terem aproveitado o cessar-fogo para se reforçar.

E nesta quarta-feira atacava a capital Sanaa, controlada pelos huthis."Esses foram os ataques mais violentos em Sanaa desde o início da campanha", afirmou Saleh Moqbal, um habitante.

Depósitos de armas nas colinas a leste, ao sul e ao sudeste de Sanaa, bem como o palácio presidencial, foram bombardeados.Com medo, muitas famílias fugiram dos bairros próximos às colinas. "Algumas famílias precisaram se abrigar em tendas ou garagens", indicou Hassan al-Amudi, morador da capital.

O conflito deixou cerca de 2.000 mortos e provocou o deslocamento forçado de mais de 545.000 pessoas, segundo a ONU.No plano humanitário, um navio iraniano de ajuda ao Iêmen, que deveria ancorar no porto de Hodeida, no Mar Vermelho, será conduzido ao Djibuti para ser inspecionado, anunciou o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores.

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