As colunas gigantescas, as ruínas erguidas com influência greco-romana e persa, a história de uma cidade que viveu o apogeu no século 3. Construída em um oásis no meio do deserto sírio, a 210km de Damasco, Palmira pode estar com os dias contados. Desde ontem, o sítio arqueológico considerado patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), está sob controle dos jihadistas do Estado Islâmico. Acuadas pelos intensos combates, as forças de segurança do ditador Bashar Al-Assad recuaram e se esconderam no quartel-general ; alguns soldados dispararam foguetes a partir das imediações.
Os extremistas atearam fogo a uma fotografia do líder sírio, na entrada da prisão Tadmur Palmira, esvaziada pelas tropas do regime horas antes. ;Estamos sob pesados bombardeios aéreos . O Estado Islâmico domina a cidade;, disse ao Correio Moawia Kanani, morador de Palmira, segundo o qual os extremistas podiam ser vistos pelas ruas carregando fuzis Kalashnikov. ;Nós tememos a devastação das ruínas;, admitiu.
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[SAIBAMAIS]O medo de Kanani e do Ocidente se fundamenta na estratégia desenvolvida pelo Estado Islâmico em seu avanço territorial. ;Os danos recentes aos sítios arqueológicos de Nimrud e de Hatra, no Iraque, indicam que os jihadistas não relutariam em acabar com Palmira. Seria fácil infligir estragos significativos e insubstituíveis;, opinou à reportagem Nigel Pollard, professor de história da Swansea University (no País de Gales). O especialista, que já visitou as ruínas por várias vezes, explicou que Palmira exerceu a função de centro de um reino árabe independente, o qual terminou por controlar boa parte do leste do Império Romano, sob o comando da rainha Zenóbia, entre os anos 270 e 272. Segundo ele, a cidade erigiu sua riqueza com o comércio da seda chinesa e das especiarias do Oriente. ;Palmira era ponto de parada obrigatória para caravanas que transportavam bens do Ocidente, via Rio Eufrates, rumo ao Mediterrâneo;, observou. A opulência refletiu-se nas construções suntuosas, com o grande templo ao deus Bel, e nas ruas repletas de colunas.
Liberdade
Por meio das redes sociais, outros cidadãos de Tadmur ; nome árabe para a cidade ; elogiavam a ofensiva do Estado Islâmico. ;Agora estamos livres (das forças sírias). Palmira está se enchendo de liberdade. Precisávamos disso há algum tempo, mas tememos os ataques dos aviões de Al-Assad. Não nos importamos com as ruínas, mas com as pessoas;, disse Khalil Ib Al-Kabeer, que há três anos vive no Cairo e se comunica com frequência com familiares em Palmira. O irmão e um amigo contaram-lhe ter visto três mercenários de Al-Assad decapitados pelos jihadistas.
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