Agência France-Presse
postado em 01/06/2015 19:59
Conacri, Guiné - O chefe da Missão da ONU contra o Ebola (UNMEER) na Guiné denunciou nesta segunda-feira a violência no oeste do país, que "coloca em perigo" a luta contra a epidemia de febre hemorrágica. Cerca de sessenta pessoas foram presas após distúrbios na semana passada, informaram à AFP autoridades e moradores locais. Em comunicado, o líder da UNMEER na Guiné, Abdou Dieng, pediu à população que "apoie e colabore com os atores internacionais na luta contra o Ebola".
Ele ressaltou que os incidentes "dos últimos dias atrapalharam seriamente o trabalho notável dos trabalhadores humanitários e colocam em perigo o tratamento das pessoas infectadas".
"Em Kamsar, edifícios públicos foram danificados. Em Tanéné, uma ambulância da secretaria de Saúde foi queimada. Na prefeitura de Fria, parceiros na luta contra o Ebola foram atacados, resultando em intervenção da polícia", explicou.
O envio de equipes envolvidas na luta contra a epidemia de Ebola "deve ser acompanhado de boa comunicação para garantir que a população esteja preparada para suas intervenções e para evitar qualquer estigmatização dos casos declarados", ressaltou.
Além disso, o ministro da Justiça da Guiné, Cheick Sako, desmentiu informações divulgadas na semana passada de que seis pessoas teriam sido presas num posto policial enquanto transferiam em um táxi um parente morto por Ebola, que usava óculos de sol para parecer que estava vivo.
Como os cadáveres dos doentes de Ebola são particularmente contagiosos, o ritual fúnebre deve cumprir um protocolo de segurança - sem contato com o corpo, como manda a tradição local.
Dos três países mais afetados (Guiné, Libéria, Serra Leoa), é na Guiné - de onde a epidemia partiu, em dezembro de 2013 - que as reações à luta anti-Ebola são são mais violentas, particularmente no sul, cenário de tensão entre as comunidades e o governo central.