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Presidente de Honduras admite que seu partido desviou dinheiro público

A oposição acusa o presidente de ter recebido 90 milhões de dólares de mais de 300 milhões desviados do IHSS para sua campanha eleitoral de 2013

Agência France-Presse
postado em 04/06/2015 08:40
Tegucigalpa, Honduras - O presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, admitiu nesta quarta-feira que seu Partido Nacional (PN, direita) recebeu dinheiro desviado da Previdência Social, em um escândalo de corrupção que desatou uma onda de protestos no país para exigir sua renúncia.

O presidente Juan Orlando Hernández se diz indignado e defende a investigação

"Como todos, nós estamos indignados" com isto, declarou Hernández, que defendeu uma investigação "até as últimas consequências" por parte da procuradoria.

Em entrevista concedida a três jornalistas da imprensa hondurenha, Hernández admitiu que o pessoal da contabilidade do seu partido lhe informou sobre o recebimento de três milhões de lempiras - cerca de 136 mil dólares- do IHSS para a campanha presidencial.

"Mas não chega a três milhões de lempiras" este dinheiro que o PN recebeu do Instituto Hondurenho de Previdência Social (IHSS), minimizou Hernández.

A oposição acusa o presidente de ter recebido 90 milhões de dólares de mais de 300 milhões desviados do IHSS para sua campanha eleitoral de 2013.

Na semana passada, mais de 5 mil pessoas protestaram na capital para exigir a renúncia de Hernández, o que deflagrou uma onda de manifestações em diversas cidades do país.

"As pessoas têm o direito de ocupar as ruas para exigir a condenação dos que cometem atos de corrupção", disse o presidente na entrevista.

O presidente destacou que foi ele que deu a ordem para a investigação do desvio de dinheiro do IHSS, e revelou que dez funcionários da Previdência já estão presos.

O Congresso nomeou uma comissão de deputados para verificar os progressos nas investigações, que deverá apresentar um relatório nesta quinta-feira.

O promotor encarregado do caso, Roberto Ramírez Aldana, recebeu ameaças de morte e o governo optou por afastá-lo do país, designando-o para o cargo de embaixador junto à Unesco, em Paris.



"O presidente tem o grave problema de ignorar o seu envolvimento no desvio de dinheiro da previdência para seu partido", disse à AFP o ex-presidente (deposto) Manuel Zelaya.

Ao comentar que Hernández pretende devolver o dinheiro desviado, Zelaya comentou: mesmo que devolva tudo, "como vamos recuperar os 2.800 pacientes que perderam a vida por falta de assistência médica" no governo precedente?

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