Nações Unidas - A Organização das Nações Unidas exortou nesta sexta-feira todas as partes em conflito na Ucrânia a respeitar integralmente o cessar-fogo previsto nos frágeis acordos de paz concluídos em Minsk, em fevereiro, enquanto a União Europeia prolongará as sanções contra a Rússia por seu envolvimento na crise.
Essas sanções, que atingem várias áreas da economia russa (bancos, defesa, petróleo), deveriam expirar no final de julho, mas segundo fontes concordantes serão prolongadas por seis meses.
"O cessar-fogo deve ser plenamente respeitado e a proteção dos civis deve ser uma prioridade", afirmou o secretário-geral da ONU para Assuntos Políticos, Jeffrey Feltman, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.
"Estamos testemunhando o agravamento de um conflito difícil de ser resolvido ou um aumento temporário das tensões em certas áreas de conflito", disse ele aos quinze membros do Conselho, reunido a pedido da Lituânia. "Não podemos permitir qualquer um desses cenários", disse Feltman.
Uma ofensiva separatista pró-russa foi lançada de acordo com Kiev contra a localidade de Mariinka, a cerca de 20 km de Donetsk, matando 28 pessoas na quarta-feira. Este é o mais grave confronto desde a trégua assinada em fevereiro. A intensidade dos combates havia diminuído consideravelmente nesta sexta-feira.
Contudo, o exército ucraniano acusou nesta sexta os separatistas de atacarem suas posições perto de Donetsk, enquanto os rebeldes pró-russos acusaram as forças ucranianas de utilizar sistemas de lançamento múltiplo de foguetes.
"Os acontecimentos em torno de Mariinka são preocupantes", indicou ao Conselho de Segurança Alexander Hug, vice-chefe da missão especial de observação da OSCE na Ucrânia.
Esses combates sugerem que "os meios militares não foram abandonados em favor de uma via política", continuou, notando que os incidentes que violam o cessar-fogo estão se tornando mais frequentes e mais graves. A Ucrânia, por iniciativa própria, pediu ao Conselho de Segurança da ONU que discuta a ofensiva de Mariinka.
A União Europeia, os Estados Unidos, Paris e Berlim, que patrocinam os Acordos de Paz de Minsk 2, assinado em 12 de fevereiro, foram unânimes em expressar a sua preocupação com a retomada dos combates no leste da Ucrânia, com Moscou advertindo que o processo de paz estava em perigo de "voar pelos ares".
"Consequências imprevisíveis"
O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, acusou as forças ucranianas de atacar civis e não cumprir os seus compromissos. "Estamos em um momento decisivo", disse ele, considerando que "se deixarmos Kiev continuar a não tomar as medidas políticas necessárias em Donbass, a situação pode sair do controle, com consequências imprevisíveis".
Mas, para a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, "a recente onda de violência é resultado de uma ofensiva combinada separatista e russa". Power deve viajar na próxima semana a Kiev para se reunir com as autoridades ucranianas.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, anunciou que telefonará ao presidente americano Barack Obama para "coordenar as suas posições durante a cúpula do G7", entre domingo e segunda-feira na Alemanha, onde também se reunirá com a chanceler alemã, Angela Merkel. Ele alerta para a ameaça de uma "guerra total" com a Rússia, acusada de apoiar os rebeldes separatistas no leste do país.
"A ameaça de uma invasão russa nunca foi tão grande", reiterou nesta sexta-feira, assegurando que mais de 9.000 soldados russos estão atualmente em território ucraniano.O conflito no leste da Ucrânia já custou mais de 6.400 vidas desde o seu início, em abril de 2014.