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Turquia: atentado a partido curdo eleva tensão no final da campanha

Uma dupla explosão em Diyarbakir (sudeste) deixou dois mortos e mais de 100 feridos, durante um comício

Agência France-Presse
postado em 06/06/2015 16:52
O governo turco e a oposição encerraram, neste sábado (6/6), suas campanhas para as eleições legislativas embalados por um clima bastante tenso, após o mais recente ataque contra o principal partido curdo. Na sexta-feira (5/5), uma dupla explosão em Diyarbakir (sudeste) deixou dois mortos e mais de 100 feridos, durante um comício do Partido Democrático do Povo (HDP). Como já haviam sugerido várias testemunhas, os primeiros elementos da investigação confirmaram que a dupla deflagração foi criminosa. Fontes judiciais consultadas pela AFP disseram que as explosões foram provocadas por uma bomba cheia de pequenas esferas metálicas. "Os especialistas recuperaram centenas de bolinhas e os restos de um cilindro metálico", disseram. Os investigadores analisam imagens de vídeo e conseguiram coletar impressões digitais no lugar da explosão, acrescentaram as fontes ouvidas pela AFP. Ninguém foi preso até o momento. Último de uma série de ataques ao HDP, este grave incidente causou uma escalada na tensão na reta final de uma campanha legislativa marcada pela incerteza. No poder desde 2002, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) ainda é o favorito na disputa. Por causa da retração da economia e das críticas recorrentes a seus desvios autoritários, porém, seu reinado absoluto se vê ameaçado pela primeira vez. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, alimentou as tensões ao transformar a consulta em um espécie de referendo sobre si mesmo. Durante semanas, ele fez campanha para que o AKP obtenha mais de 330 dos 550 deputados necessários para uma reforma da Constituição, o que reforçaria seus poderes como presidente. Nessa corrida pelos votos, o HDP foi centro das atenções de todos os setores. Se superar a barreira de 10% dos votos, exigidos para integrar o Parlamento, pode conseguir cerca de 50 cadeiras e privar o AKP dos 330 assentos. Algumas pesquisas de opinião preveem até que o HDP pode fazer o AKP perder sua maioria absoluta. Promovido a esse status de fiel da balança, o partido curdo vem sofrendo vários ataques nas últimas semanas. "Há dois meses que o HDP foi tomado como alvo e apontado como um traidor da pátria (...) O presidente da República e o primeiro-ministro buscaram demonstrar que o HDP merecia tudo o que lhe havia acontecido", denunciou seu líder, Selahattin Demirtas, em um comício em Istambul, após o atentado de Diyarbakir. Neste sábado, milhares de seus partidários participaram de uma manifestação em Diyarbakir aos gritos de "o AKP prestará contas".

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