Agência France-Presse
postado em 10/06/2015 14:40
Jerusalém - As forças de segurança israelenses maltratam de maneira sistemática as crianças palestinas, afirma uma ONG com sede na Cisjordânia ocupada em um relatório divulgado nesta quarta-feira.As acusações da ONG Military Court Watch (MCW), que monitora a forma como as crianças são tratadas por tribunais militares israelenses, foram rejeitadas pelo exército.
MCW estima que desde a ocupação da Cisjordânia após a guerra de 1967, 95.000 crianças palestinas foram detidas pelas forças israelenses.O relatório, que foi encaminhado à ONU, detalha 200 casos de detenção de menores ocorridas desde 2013.
Em sua conclusão, a ONG diz que apesar dos recentes desenvolvimentos no sistema de detenção militar, os "maus-tratos continuam a ser frequentes, sistemáticos e institucionalizados".
Citando testemunhas, o relatório afirma que 187 crianças tiveram as mãos amarradas nas primeiras 24 horas de detenção, 165 tiveram os olhos vendados e 124 sofreram abusos físicos.
"O comportamento agressivo e ameaças são por vezes utilizadas durante os interrogatórios, inclusive ameaças de espancamento, estupro, detenção em confinamento solitário, eletrocussão ou tiros", lamenta o relatório.
Apenas 8 dos 200 menores tiveram acesso a um advogado antes de ser interrogado, e apenas 7 tiveram um pai presente durante este procedimento.
Um funcionário do escritório do promotor militar israelense disse que a lei não prevê a presença obrigatória de um advogado ou pai durante o interrogatório de suspeitos palestinos ou israelenses.
Mas um réu que aguarda julgamento tem direito a assistência jurídica, enquanto os pais têm o direito de estar presente nas audiências judiciais, disse o funcionário sob condição de anonimato.Sobre as acusações de ameaças e abusos físicos os suspeitos e os pais têm a oportunidade de reclamar, o que "quase nunca fazem", acrescentou.
Todas os interrogatórios realizados em árabe são filmados, e estes dados são, então, colocados à disposição da defesa.No relatório, MCW afirma que um "número significativo" de crianças foram detidas à noite durante invasões aterrorizantes a suas casas.
A maioria das crianças foram presas em áreas próximas a assentamentos e estradas israelenses utilizadas pelos colonos, que muitas vezes são alvo de crianças que atiram pedras contra eles.