Agência France-Presse
postado em 13/06/2015 09:23
O governo grego, que neste sábado enviou uma delegação de alto nível a Bruxelas, declarou que está pronto para "um difícil compromisso" com os seus credores, UE e FMI, para garantir a continuidade do financiamento da Grécia e impedir o calote."Se alcançarmos um acordo viável, mesmo se o compromisso for difícil, vamos superar este desafio, porque o nosso único critério é a saída da crise", afirmou o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras durante uma reunião sexta-feira à noite com seus colaboradores, citado em um comunicado do governo.
"Teremos um acordo", garantiu por sua vez à televisão grega Skai o vice-ministro das Finanças, Dimitris Mardas, que ressaltou que "o fato de a delegação grega estar em Bruxelas, é um bom sinal."
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A delegação é composta por Ioannis Dragassakis, negociador-chefe do governo grego, Euclides Tsakalotos, vice-ministro das Relações Exteriores, e Nikos Pappas, braço direito de Alexis Tsipras.
De acordo com uma fonte europeia, ela deve se reunir a partir do fim da tarde com os representantes do FMI, BCE e MES, o sistema de gestão de crises financeiras da zona do euro.
A presença do FMI é especialmente importante, pois é com a instituição de Washington, ainda mais do que com os demais credores, que o governo grego deve se entender.
Em 30 de junho, a Grécia deve pagar ao FMI 1,6 bilhão de euros e ainda há dúvidas sobre a capacidade financeira do país de fazer frente a este vencimento sem a liberação da parcela de ajuda financeira de 7,2 bilhões de euros. Há meses, os credores bloqueiam esse montante diante da resistência do governo grego de realizar as reformas exigidas há quatro meses.
O FMI afirmou na quinta-feira que grandes divergências persistiam e que um acordo ainda parecia longe. O órgão esboçou pistas sobre o que deve incluir um acordo, incluindo uma reforma do sistema de IVA, que "iria aumentar os impostos adicionais em até 1% do PIB" grego.
Solução vantajosa
Entre os pontos difíceis da negociação estão a reforma das aposentadorias, o aumento de 23% do IVA sobre a energia elétrica e o nível do excedente primário.
Para os credores, a bola está no campo da Grécia, que deve aceitar novas concessões, embora sejam difíceis de instaurar em um país afetado pelo desemprego e as políticas de austeridade.
Em troca, o governo grego quer um acordo "viável", ou seja, o financiamento contínuo do país após o término de seu pacote de ajuda em 30 de junho. Ele espera obter acesso aos fundos não utilizados, como para os bancos (10,9 bilhões de euros) e um compromisso por parte dos credores para discutir uma reestruturação da dívida, que deverá atingir 180% este ano.
As discussões poderiam durar vários dias, mas o ideal seria um acordo até quinta-feira, data da próxima reunião de ministros das Finanças da zona do euro.
Dada a urgência dos prazos, a zona do euro discutiu pela primeira vez esta semana a possibilidade de um calote da Grécia, um assunto até então tabu e que poderia ser o prelúdio do "Grexit", a saída do país da zona do euro.
O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, exortou neste sábado na BBC 4 as partes a trabalhar por uma solução "mutuamente benéfica".
Em Berlim, o ministério das Finanças alemão indicou neste sábado que tem "concentrado seus esforços na liquidação" da crise grega, dizendo não trabalhar em um plano em caso de inadimplência.