Agência France-Presse
postado em 15/06/2015 09:31
Londres, Reino Unido - A rainha Elizabeth II e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, lideraram nesta segunda-feira (15/6) as celebrações do 800; aniversário da Carta Magna, a constituição britânica que assentou as bases da democracia parlamentar no Ocidente. A cerimônia principal ocorreu em Runnymede, no sul da Inglaterra, onde um antecessor distante de Elizabeth II, o rei John - mais conhecido como "João Sem Terra" porque perdeu suas posses na França -, assinou, em 15 de junho de 1215, este documento que colocava pela primeira vez a lei acima do monarca.Uma réplica do texto viajou no sábado pelo rio Tâmisa a bordo da barcaça real "Gloriana", à frente de uma flotilha de 200 barcos. A Carta Magna tem apenas 3.500 palavras, mas é amplamente reconhecida como o primeiro texto ocidental que protege os direitos individuais e as liberdades, e serviu de inspiração a Constituições como a americana.
Um de seus principais artigos dizia "que nenhum homem livre pode ser detido ou privado de seus direitos ou de seus bens, banido, exilado ou privado de seu posto (...), exceto em virtude de sentença judicial de seus pares e sob a lei do reino". "Liberdade, justiça, democracia e Estado de direito são coisas às quais temos apego", disse o primeiro-ministro Cameron em seu discurso em Runnymede. "Pensem nos Estados Unidos, nas constituições e códigos fundacionais dos Estados, e verão como há referências à Carta Magna, alusões, e inclusive cópias", acrescentou.
"Pensem na Índia, em Gandhi", que se referiu a uma de suas conquistas como "a Carta Magna da liberdade nesta terra", afirmou Cameron, lembrando que Nelson Mandela também se referiu ao texto quando foi julgado e condenado à prisão perpétua pelo regime do apartheid sul-africano.
A Carta Magna foi redigida pelo arcebispo de Canterbury e assinada pelo rei John em uma tentativa de aplacar a fúria da nobreza por sua incompetência e seus abusos. O documento foi anulado pelo Papa nove semanas mais tarde, argumentando que o rei o assinou sob coação, mas foi recuperado depois da morte de John. Sobrevivem quatro cópias da época, duas na Biblioteca Britânica e uma nas catedrais de Lincoln e Salisbury.