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Vaticano anuncia para julho o primeiro julgamento por pedofilia

A Santa Sé anunciou na semana passada a criação de uma nova instância do direito canônico para julgar os religiosos acusados de negligência ou de cumplicidade

Agência France-Presse
postado em 15/06/2015 10:07
Jozef Wesolowski: religioso é acusado de ter mantido relações com menores de idade em um bairro de Santo DomingoCidade do Vaticano, Santa Sé - A Santa Sé informou nesta segunda-feira (15/6) que começará em julho o primeiro julgamento no Vaticano de um clérigo acusado de pedofilia, ao mesmo tempo em que anunciou a renúncia de dois bispos americanos acusados de ocultar padres pedófilos em sua diocese. "O presidente do tribunal de Estado do Vaticano acusou o ex-núncio apostólico da República Dominicana Jozef Wesolowski. A primeira audiência acontecerá em 11 de julho", afirma um comunicado.

Os crimes pelos quais o ex-embaixador foi acusado supostamente foram cometidos durante sua estadia em Roma, entre agosto de 2013 e 22 de setembro de 2014, quando foi detido, assim como durante o período em que atuou como núncio na República Dominicana, entre 24 de janeiro de 2008 e 21 de agosto de 2013. "No primeiro caso se trata da posse de material pedófilo, um crime que o papa Francisco incluiu em 2013 na legislação vaticana. No segundo caso, são abusos de menores com base em uma acusação apresentada pelas autoridades judiciais de Santo Domingo", explica o Vaticano.

O religioso é acusado de ter mantido relações com menores de idade em um bairro de Santo Domingo. "O Tribunal poderá basear-se na análise dos computadores do acusado, mas também em eventuais formas de cooperação judicial internacional, destinadas a avaliar os depoimentos probatórios apresentados pela justiça dominicana", destaca a Santa Sé. Além disso, o papa aceitou nesta segunda-feira a renúncia de dois bispos americanos.

O papa aceitou as renúncias dos religiosos com base em um dispositivo do código de direito canônico, que prevê uma punição em caso de falta grave



[SAIBAMAIS]O arcebispo de Saint Paul e Minneapolis, monsenhor John Clayton Nienstedt, e seu adjunto, monsenhor Lee Anthony Piche, renunciaram depois que sua diocese foi acusada pelas autoridades dos Estados Unidos de não ter protegido menores de idade em relação a um padre que foi preso por abusos sexuais.

O pontífice aceitou as renúncias com base em um dispositivo do código de direito canônico, que prevê uma punição em caso de falta grave. O Vaticano não revelou mais detalhes, mas a punição havia sido solicitada por associações de vítimas nos Estados Unidos. A Santa Sé anunciou na semana passada a criação de uma nova instância do direito canônico para julgar os religiosos acusados de negligência ou de cumplicidade com padres sob seu comando que foram considerados culpados de abusos sexuais.

Esta nova instância não julgará os religiosos na área penal, como acontecerá com Wesolowski, acusado diretamente de crimes de pedofilia. As medidas de combate aos abusos sexuais de menores ilustram a linha mais severa do Vaticano para enfrentar o problema, que abala a credibilidade da Igreja Católica. Apesar dos anúncios, no entanto, associações de vítimas afirmam que o Vaticano que não vai suficientemente longe para punir os culpados.

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