Agência France-Presse
postado em 15/06/2015 11:38
Bengasi, Líbia - A Líbia anunciou a morte do jihadista argelino Mojtar Belmojtar, considerado autor intelectual do ataque e da tomada de reféns em uma usina de gás na Argélia em 2013, em um bombardeio americano em território líbio, mas os Estados Unidos não confirmaram a morte. O Pentágono indicou que Belmojtar havia sido o alvo de um bombardeio americano, mas não forneceu mais detalhes sobre se ele havia morrido ou não. "O ataque foi realizado por um avião americano. Seguimos avaliando os resultados da operação e daremos mais detalhes quando for oportuno", disse o porta-voz do Pentágono, coronel Steve Warren.Se isso se confirmar, o falecimento de Belmojtar representará um êxito na luta dirigida pelos Estados Unidos contra os chefes dos grupos jihadistas, que perseguem em vários países, especialmente com a ajuda de drones.
Segundo o porta-voz do governo líbio reconhecido pela comunidade internacional, "este ataque ocorre no âmbito do apoio internacional que sempre exigimos para combater os grupos terroristas na Líbia". "A coordenação com os Estados Unidos continuará na luta contra os terroristas", acrescentou Hatem al-Ouraybi.
Um funcionário do governo líbio reconhecido havia anunciado no domingo que o chefe jihadista morreu em um "bombardeio do exército americano" contra uma propriedade em Ajdabiya, 160 km a oeste de Benghazi, capital do leste líbio. Segundo o funcionário, Belmojtar mantinha ali "uma reunião com outros chefes de grupos extremistas, incluindo membros de Ansar Asharia", um grupo líbio vinculado à Al-Qaeda e catalogado como terrorista pela ONU.
[SAIBAMAIS]Nas redes sociais, as contas jihadistas mencionavam sete mortos no bombardeio. Uma página do Facebook de um grupo islamita de Ajdabiya publicou na manhã de domingo fotografias de corpos, assim como os nomes das pessoas abatidas, sem fazer nenhuma referência a Belmojtar. Não é a primeira vez em que a morte do líder jihadista argelino é anunciada.
O Chade o declarou morto em abril de 2013, três meses depois do ataque contra a usina de gás de In Amenas, na Argélia. No entanto, Belmojtar reivindicou um mês depois, em maio de 2013, um duplo atentado suicida que deixou 20 mortos no Níger.
Fidelidade à Al-Qaeda
Nascido em junho de 1972 em Gardaya, perto do Saara, começou a combater aos 19 anos no Afeganistão em 1991. Ali perdeu um de seus olhos, ganhando o apelido de "caolho". Ex-chefe do grupo Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), do qual foi expulso, Mojtar Belmojtar criou no fim de 2012 sua própria unidade combatente, "Os que assinam com sangue". Em janeiro de 2013, Belmojtar reivindicou o ataque e a tomada maciça de reféns no complexo de gás de In Amenas, no Saara argelino, que terminou com a morte de 37 estrangeiros, um argelino e 29 captores.
O grupo jihadista Al Murabitun, leal à rede Al-Qaeda, nasceu em 2013 da fusão do grupo "Os que assinam com sangue" de Belmojtar e do Movimento para a União e a Jihad na África Ocidental (MUYAO), no norte do Mali. No mês passado um dirigente do grupo anunciou sua adesão ao EI, mas Belmojtar não demorou para se distanciar destas declarações, deixando em evidência uma luta interna pelo poder da organização.
Afundada no caos desde a queda em 2011 de Muanmar Kadhafi, a Líbia é palco de violentos combates entre milícias fortemente armadas e conta com dois governos e parlamentos rivais. Organizações jihadistas se aproveitaram deste caos, entre elas o grupo Estado Islâmico, que se implantou no país no ano passado.