Agência France-Presse
postado em 16/06/2015 08:46
Dubai - A Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA) confirmou a morte em um ataque de drone de seu líder, Naser al-Wahishi, em um vídeo divulgado nesta terça-feira, e anunciou que ele será substituído pelo comandante militar do grupo, Qasem al-Rimi. Os Estados Unidos também confirmaram a notícia e afirmaram que se trata de um duro golpe para a Al-Qaeda e sua facção na região."A morte de Al-Wahishi elimina do campo de batalha um experiente líder terrorista e nos deixa mais próximos de enfraquecer e, em última instância, de derrotar esses grupos", afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Ned Price.
Wahishi, considerado o número dois da Al-Qaeda, "morreu em um ataque de drone americano, ao lado de outros dois mujahedines", afirma um integrante da Al-Qaeda em um vídeo publicado no YouTube pelo Al-Malahem, o serviço de propaganda do grupo jihadista.
A morte de Al-Wahishi foi mencionada também por vários meios de comunicação. O chefe militar da AQPA, Qasim al-Rimi, foi anunciado como o novo líder em uma reunião dos principais dirigentes do grupo, segundo a mesma fonte.
A AQPA nasceu da fusão dos grupos Al-Qaeda do Iêmen e da Arábia Saudita. O governo dos Estados Unidos a considera o braço mais perigoso da Al-Qaeda.
Muitos integrantes do grupo morreram em ataques de drones americanos nos últimos anos. A morte de Naser al-Wahishi, cujo grupo reivindicou o atentado contra a redação do Charlie Hebdo em Paris em janeiro, havia sido anunciada pela imprensa internacional.
Uma fonte iemenita afirmou que Wahishi provavelmente morreu em um ataque em Mukalla, na região sudeste do Iêmen, e que o corpo estaria em um necrotério local, protegido por rígidas medidas de segurança.
Wahishi, um dos estrategistas da AQPA, apareceu em vários vídeos do grupo. Em um deles, divulgado em 14 de janeiro, reivindicou o ataque à redação da revista francesa de humor Charlie-Hebdo para "vingar" Maomé, objeto de caricaturas em várias ocasiões pelos chargistas da publicação satírica.
O ataque, executado pelos irmãos Kouachi, matou vários cartunistas e jornalistas da revista. Em abril, a Al-Qaeda anunciou a morte de um de seus ideólogos, Ibrahim al-Rubaish, também assassinado por um drone americano.
Nos últimos anos, desde 2011, a AQPA aproveitou a fragilidade do poder central consecutivo à insurreição popular que forçou a renúncia do presidente Ali Abdallah Saleh, para reforçar sua presença no Iêmen.
Em abril, as forças da AQPA, favorecidas pela guerra entre os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, e os partidários do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, tomaram o controle da cidade de Mukalla.A AQPA não participa nas consultas sobre o Iêmen patrocinadas pela ONU, que acontecem atualmente em Genebra.
Rebeldes rejeitam diálogo com governo no exílio
Sobre as consultas em Genebra, a delegação dos rebeldes iemenitas rejeitou nesta terça-feira qualquer diálogo com o governo no exílio, a poucas horas do início das consultas de paz.
"Rejeitamos qualquer tipo de diálogo com aqueles que não têm nenhuma legitimidade. Pedimos uma diálogo com a Arábia Saudita para deter a agressão", anunciou Mohamed Zubairi à imprensa, em referência aos bombardeios aéreos da coalizão árabe liderada por Riad contra os rebeldes huthis.
Por sua vez, o governo iemenita no exílio assegurou que só negociaria com os insurgentes "as modalidades de aplicação da (resolução) 2216" do Conselho de Segurança da ONU, que exige a retirada dos rebeles das áreas conquistadas desde o ano passado.
Um mau começo para o encontro organizado pela ONU, que tenta alcançar um acordo de paz ou, ao menos, uma trégua no conflito que já fez mais de 2.600 mortos desde maio, segundo o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
As negociações ocorrem enquanto a coalizão prossegue com seus ataques aéreos.