Agência France-Presse
postado em 16/06/2015 11:37
Waterloo, Bélgica - A cidade belga de Waterloo, imersa nos preparativos do bicentenário de uma das mais famosas batalhas da história, quer que ela deixe de ser associada com uma estação de metrô ou uma canção do grupo Abba. Esta pequena localidade de 30 mil habitantes, transformada em um subúrbio elegante e tranquilo a 25 km de Bruxelas celebra esse ano o bicentenário da batalha de 18 de junho de 1815.Nas vitrines das lojas, os chapéus de duas pontas como o do imperador são numerosos, assim como as estatuetas de Napoleão em seu cavalo branco "grognards", os soldados da velha guarda, os mais experientes do "Grande Armée" (Grande Exército). "Vivo em Waterloo há mais de 50 anos e a história de Napoleão já conheço há muito tempo", explica, um tanto cansado, o aposentado Antoine Delseme, no centro da cidade. "Mais isso atrai as pessoas, faz com que o distrito seja conhecido em proveito da maioria de seus habitantes, principalmente o comércio, e isso é muito bom", diz.
[SAIBAMAIS]A história manteve o nome de Waterloo, onde o Duque de Wellington, à frente das forças aliadas contra Napoleão, estabeleceu seu quartel general, mas a maioria dos combates de 18 de junho de 1815 aconteceram nas localidades vizinhas. Por isso, a agitação dos últimos preparativos de uma gigantesca reconstituição são feitos em Mont-Saint-Jean, onde se esperam cerca de 200 mil espectadores.
Cinco mil extras, 360 cavalos
O lugar eleito para o espetáculo de sons e luzes "Inferno" de 18 de junho e para as duas reconstituições da batalha, em 19 e 20 de junho, é um grande descampado com uma depressão. Há semanas são montadas grades de metal com até 50 mil lugares. Ao lado da colina de onde Wellington liderou as tropas inglesas, a centenas de metros, estãos as fazendas de Hougoumont e Haie-Sainte, e o local chamado "Belle-Alliance", cenário de violentos combates que viraram verdadeiras lendas.
Foi em "Belle-Alliance" que Wellington, com a vitória assegurada, apertou a mão de seu aliado prussiano, o marechal de campo Blucher, enquanto Napoleão se retirava em direção a Paris, derrotado após o fracasso de sua guarda contra posições inglesas.
As duas grandes reconstituições, que fazem referência aos principais momentos do confronto que deixou em cerca de 10 horas aproximadamente 45.000 mortos e feridos e mudou o curso da história, vão reunir mais de 5.000 pessoas de 52 países com uniformes de época, cerca de 100 canhões e 360 cavallos. "Temos que montar acampamentos, chuveiros, prover mais de 30 toneladas de palhas, estábulos para os cavalos e montar o conjunto", diz Etienne Claude, diretor da associação que organiza há 18 meses os preparativos.
Com a data do bicentenário cada vez mais próxima, o local da batalha, pouco explorado durante décadas, foi renovado para acompanhar este "turismo histórico" que quer potencializar a localidade de Waterloo e suas vizinhas. "O bicentenário constitui o ponto culminante. Mas depois o campo de batalha tem que se transfomar em uma porta de entrada para o turismo na região da Valônia", região francófona do sul da Bélgica, menos frequentada que Gante ou Bruges, na região flamenca, explicou à AFP a burgomestre (prefeita) de Waterloo, Florence Reuter.
Um novo "Memorial 1815", soterrado, acaba de ser inaugurado. O objetivo é que a quantidade de visitantes de Waterloo passe de 200.000 para 500 mil.