Agência France-Presse
postado em 16/06/2015 13:12
Washington, Estados Unidos - A militante "negra" pelos direitos dos afro-americanos, mas na realidade branca, e no centro de uma polêmica nos Estados Unidos, afirmou nesta terça-feira (16/6) que se identifica como negra desde a infância. Rachel Dolezal, de 37 anos, de cabelos crespos e cor da pele escura, foi questionada em uma entrevista ao canal NBC se era afro-americana e respondeu: "Eu me identifico como negra".Ela reconheceu, com visível dificuldade, que era branca, ao aceitar o fato de que uma foto dela com 16 anos mostrava uma jovem a quem ela se referiu, na terceira pessoa, como "identificável como branca pelos que a observam". Figura importante da luta pelos direitos dos negros em Spokane (estado de Washington), Rachel Dolezal renunciou na segunda-feira à presidência local da Associação Nacional pelo Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), depois que os pais biológicos, com os quais não possui contato, revelaram a verdade.
[SAIBAMAIS]Durante a entrevista desta terça-feira, a militante afirmou que se identificava como negra desde a infância. "Diria que isto começou quando tinha cinco anos. Eu me pintava com uma canetinha marrom (...) e fazia cabelos negros cacheados", contou. Rachel rebateu as acusações de que mentiu e afirmou que o "tema é mais complexo que identificar-se como negro ou responder se você é negro ou branco".
Ela reconheceu que, no passado, não retificou os artigos da imprensa que a chamavam de mestiça "porque as coisas são mais complexas que a verdade ou a mentira em um determinado momento". Ao falar sobre a cor da pele, muito mais escura do que aparece nas fotos de infância, Dolezal explicou de maneira prosaica que "não se protegia do sol".
Rachel Dolezal também ocupa há um ano um cargo de mediadora independente na polícia da cidade de Spokane, que agora investiga a ativista por eventuais violações de suas normas. Para ocupar o cargo, Rachel Dolezal preencheu um formulário oficial no qual indicou ser em parte negra, branca e com sangue indígena, o que constituiria uma mentira que nem a opinião pública nem as autoridades toleram nos Estados Unidos.